E aqui temos, na simplicidade fiel da narradora e protagonista, contada uma das cenas mais portentosas de toda a história humana nas suas relações com o sobrenatural. Tanto as palavras proferidas como o cenário e todos os gestos, são densos de doutrina e de profundo significado, parar tirar deles conclusões e aplicações práticas. Porque o tempo agora não dá para mais, citamos apenas umas palavras de Lúcia, noutro lugar das suas Memórias, referentes também a esta aparição:
«Na terceira aparição, a presença do sobrenatural foi ainda muitíssimo mais intensa. Por vários dias, nem mesmo o Francisco se atrevia a falar. Dizia depois:
– Gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que, depois, não somos capazes de nada.
Eu nem andar podia, não sei o que tinha! Apesar de tudo, foi ele quem se deu conta, depois da terceira aparição do Anjo, das proximidades da noite. Foi quem disso nos advertiu e quem pensou em conduzir o rebanho para casa.
Passados os primeiros dias e recuperado o estado normal, perguntou o Francisco:
– O Anjo, a ti, deu te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à Jacinta, que foi o que Ele nos deu?
– Foi também a Sagrada Comunhão – respondeu a Jacinta, numa felicidade indizível. – Não vês que era o Sangue que caía da Hóstia?
– Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!
E prostrando se por terra, permaneceu por largo tempo, com a sua Irmã, repetindo a oração do Anjo: Santíssima Trindade…, etc.»
Dever-se-iam analisar todos estes textos, para ver com maior clareza, que grandes verdades viveram os três Pastorinhos nestes três encontros com o Céu.
Seguidamente viria a Santíssima Virgem, para lhes dar mais doutrina e para coroar este caminho da santidade.