Algumas anotações de Pio XII revelam que o Papa viu o sol rodar quatro vezes por ocasião da proclamação do dogma da Assunção. Andrea Tornielli, vaticanista de «Il Giornale» e comissário da exposição «Pio XII – o homem e o pontificado (1876-1958)», revela à Agência Zenit que foi encontrado no arquivo familiar um manuscrito inédito onde o Papa Pacelli descreve o «milagre do sol», um episódio do qual, até hoje, apenas foi mencionado no testemunho do Cardeal Federico Todeschini.“Vi o «milagre do sol», esta é a pura verdade”, escreveu o Papa Eugenio Pacelli, referindo-se a um fenómeno similar ao que aconteceu em Fátima, a 13 de Outubro de 1917.
Na nota, que poderá ser vista na exposição, Pacelli recorda que em 1950, pouco antes de proclamar o dogma da Assunção (1º de Novembro), enquanto passeava nos jardins vaticanos, assistiu várias vezes ao mesmo fenómeno que se verificou em 1917, no final das aparições de Fátima, e considerou-o uma confirmação celeste de tudo que estava por realizar.
Pio XII escreveu que estava no dia 30 de Outubro de 1950, às 16h. “Durante o habitual passeio nos jardins vaticanos, lendo e estudando”, à altura da praça da Senhora de Lourdes “rumo ao alto da colina, no caminho da direita que beira a muralha (…) fiquei impressionado por um fenómeno, que nunca até agora havia visto. O sol, que estava ainda bastante alto, aparecia como um globo opaco amarelado, circundado por um círculo luminoso”, que, contudo, não impedia a fixação do olhar.
A nota do Papa Pacelli continua a descrever “o globo opaco” que “se movia ligeiramente para fora, girando, movendo-se da esquerda para a direita e vice-versa. Mas dentro do globo viam-se, com toda a clareza e sem interrupção, fortíssimos movimentos”.
O Papa assegura ter assistido ao mesmo fenómeno “a 31 de Outubro e 1 de Novembro, dia da definição do dogma da Assunção, depois, novamente, a 8 de Novembro. Depois nunca mais”. O Papa Pacelli menciona ter tentado “várias vezes” nos outros dias, à mesma hora e em condições atmosféricas similares, “olhar o sol para ver se aparecia o mesmo fenómeno, mas em vão, não podia fixar a vista porque os olhos ficavam cegos”.
Pio XII falou do sucedido a alguns cardeais e outras pessoas mais chegados, tanto que a Irmã Pascalina Lehnert, uma religiosa governanta do apartamento papal, declarou que “Pio XII estava muito convicto da realidade do extraordinário fenómeno, a que assistido em quatro ocasiões”.
Segundo Tornielli, existe um vínculo sólido entre a vida de Eugenio Pacelli e o mistério da Virgem Maria. “Desde criança Eugenio Pacelli era devoto e estava inscrito na Congregação da Assunção, que tinha a capela perto da Igreja do Jesus. Uma devoção que parecia profética, já que foi precisamente ele quem declarou o dogma da Assunção em 1950”.
Eugenio Pacelli celebrou sua primeira eucaristia como sacerdote em 3 de Abril de 1899, no altar do ícone de Maria «Salus Populi Romani», na capela Borguese, da Basílica de Santa Maria a Maior. “E depois recebeu a ordenação episcopal do Papa Bento XV na capela Sistina, em 13 de Maio de 1917, dia da primeira aparição da Virgem em Fátima”.
Em 1940, na qualidade de pontífice, reconheceu definitivamente as aparições de Fátima, e em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.
O Papa Pio XII encontrou-se muitas vezes com a Irmã Lúcia e ordenou-lhe que transcrevesse as mensagens recebidas de Nossa Senhora, convertendo-se, portanto, no primeiro pontífice a conhecer o conteúdo do terceiro segredo, que João Paulo II divulgou.
A 1 de Novembro de 1950, após ter consultado os bispos do mundo inteiro, que unanimemente concordaram (em 1.181 apenas seis manifestaram reservas), Pio XII proclamou, com a Bula Munificentissimus Deus, o dogma da Assunção, como cumprimento do dogma da Imaculada Conceição.
Fonte: Agência Eclesia