Centenário da Aparição do Anjo de Portugal

AnjoDurante toda essa semana temos recordado e trazido no coração o Anjo de Portugal. No dia de hoje há uma grande festa em Portugal, se reúnem milhares de crianças no Santuário de Fátima para a Peregrinação Infantil, onde celebramos o dia do Anjo de Portugal. Esse ano de 2016 celebramos o centenário das Aparições do Anjo.
Vamos fazer memória da mensagem enviada por Deus trazida pela Anjo.
É importante lembrar que nos relatos da Ir Lúcia intitulado “Memórias” em 1915 quando estava junto com as companheiras de pastoreio, ao rezarem o terço viram suspendo no ar sobre um arvoredo uma figura como estátua de neve que sob os raios do sol se tornava transparente, significa que a visitação do Anjo também ocorreu antes das aparições oficiais de 1916. Era Deus preparando Lúcia para o futuro.
Na primeira aparição Lúcia já pastoreava com seus primos Jacinta e Francisco, foi na Loca do Cabeço nos Valinhos, na primavera de 1916, ela relata que : … “ A Jacinta e o Francisco ainda nunca a tinham visto, nem eu Ihes havia falado nela. À maneira que se aproximava, íamos divisando as feições: um jovem dos seus 14 a 15 anos, mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza. Ao chegar junto de nós, disse:
«– Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
– Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam, e não vos amam.
Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:
– Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.»
As suas palavras gravaram-se de tal forma na nossa mente, que jamais nos esqueceram. E, desde aí, passávamos largo tempo assim prostrados repetindo-as, às vezes, até cair cansados. Recomendei logo que era preciso guardar segredo e, desta vez, graças a Deus, fizeram-me a vontade (Memórias da Irmã Lúcia I, pg 77-78)
Cada aparição traz um apelo especifico, nos deteremos em algumas palavras: Não temais, Anjo da Paz, Orai, ajoelhando, curvou a fronte até para chão, Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar, Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos, peço vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam., Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.
Diante da guerra que assolava a humanidade, o Anjo traz a ordem do não temais, não devemos ter medo das manifestações de Deus em nossas vidas, Ele pode nos visitar a qualquer momento, talvez no menos oportuno para nós, porém como Pai Deus sabe do que precisamos e intervem a nosso favor. É preciso estar atentos ao movimento do Céu que se dá na terra, podemos ser receptores necessários para ser canal de Deus no mundo.
O Anjo diz ser da paz, era o que mais desejavam os corações aflitos diante da angustia, da dor e da morte consequente da guerra. Mas aos desejos de paz, é proposto uma atitude: a oração.
É interpelativo também a atitude do Anjo, como um ser celeste, traz em si a humildade de ensinar os pastorinhos a rezar, e para isso prontamente se coloca em atitude de oração e os convida a rezar. Para rezar nos ensina que é preciso estarmos inteiros, entregues a Deus de corpo e alma, Deus sempre nos conduz a perfeição, é um Pai que deseja que seus filhos de fato retomem as origens.
Os nossos gestos corporais nos ajudam na oração, ajoelhar-se e curvar a fronte até o chão significa agir de forma obediente e submisso a Deus, é centrar o corpo, coração e ao mente ao altíssimo para que nada desvie o olhar, a atenção e distraia a oração, que estejamos inteiros e o momento unicamente seja para Deus. Também podemos ler o significado de curvar a fronte até o chão fazendo memória de que do pó viemos, e somos barro, mas que Deus é sempre presente na vida do homem e ao enviar o Anjo a terra nos é dado mais uma possibilidade de tocar o céu.
Após o Anjo preparar os pastorinhos para rezar, a atitude de submissão que é também acolhimento e a aceitação a manifestação de Deus são envolvidos por um movimento sobrenatural. O sobrenatural é Deus.
Seguidamente os pastorinhos começam a imitar o anjo e repetir a oração, somente a alma humilde é desejosa e capaz de aprender as coisas do céu, os pequenos pastores dão testemunho que de precisamos ser como crianças para ser receptáculos de Deus, onde, quando e como Ele quer, só almas dóceis podem ouvi-lo e atender seu apelo.
A oração do anjo ensinada aos pastorinhos e a nós, nos remete ao verdadeiro culto a Deus, Ele que em meio a guerra sofre em meio a indignidade humana, que coloca em risco a vida, através dos combates sangrentos gerando mortes, desolação, fome e miséria. Nesse contexto mundial a fé precisa ser reavivada e fortalecida, Deus precisa ser adorado, amado, receber o verdadeiro e digno culto nos corações.
O pedir perdão por aqueles que não o amam, não crêem e não adoram, é reconhecer que diante do nosso pecado, muitas coisas em nossas vidas tomaram o lugar de Deus, e que todos nós pobres pecadores necessitamos urgentemente retomar o caminho da fé e devolver a Deus o seu devido lugar em nossas vidas.
E para terminar a reflexão da primeira Aparição do Anjo , ele afirma que os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. O coração na Biblia segundo escritos da Ir Lúcia: … significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O coração imaculado é, segundo o evangelho de Mateus (5,8), um coração que, a partir de Deus, chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, vê a Deus. Portanto, devoção ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat — seja feita a vossa vontade — se torna o centro conformador de toda a existência.
É assim que os corações de Jesus de de Maria nos ouve, ao recorremos a Eles, nos ouvem com Seus corações, nos veem como de fato somos, atentos as nossas necessidades mais profundas pois ouvem a voz da nossa alma.