Temos que olhar para Aquele que veio para reparar os pecados do mundo: o Cordeiro de Deus. Pilatos apresentou ao povo Jesus, coroado de espinhos, como a revelação mais amável e mais ardente de Deus: Jesus, o homem, com profunda humildade e decidido a reparar os pecados da humanidade, porque Deus, com justa penitência, assim decretava: só o sangue de Jesus seria capaz de reparar os pecados de toda a humanidade.
«…o Seu aspecto não podia cativar-nos. Era desprezado. Era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos: como aqueles, diante dos quais se tapa o rosto, era menosprezado, nenhum caso faziam dele. Na verdade ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores!… Foi castigado pelos nossos crimes, e esmagado pelas nossas iniquidades: o castigo que nos salva pesou sobre ele, fomos curados nas suas chagas… morto pelos pecados do Seu povo… embora não haja cometido iniquidade… porque ele próprio entregou a Sua vida à morte… tomando sobre si os pecados de todos…»(Is 53,4-12)
Jesus aceitou livremente estes sofrimentos que a Seu respeito Isaías tinha anunciado. Ele várias vezes explicou também aos apóstolos, mesmo a Pedro que não gostou de tais notícias. No entanto Jesus sublinhava que desta Sua obra dependia a salvação do mundo.
Também as almas cristãs assim entenderam: Era necessário que Jesus sofresse, para realçar a gravidade do pecado. E este rosto sério e sofredor de Jesus deve comover as almas.
Porque queria meter Jesus tanto tormento, tanta energia, tanta força e heroísmo na Sua Paixão? Ele queria acender assim melhor também o nosso amor; testemunhando com o Seu sangue o Seu grande amor, queria que nós também pegássemos como Ele na nossa cruz, em espírito de reparação. Jesus confia na força da sua paixão para comover os corações humanos. «Deus quando ama, – diz S. Bernardo, – não quer outra coisa senão ser amado; isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si.»
O sofrimento, desde a entrada do pecado no mundo, é inevitável para os homens. Já outrora, sofreram Cristo e o ladrão, ao mesmo tempo: no entanto, enquanto Cristo rezava, um dos ladrões blasfemava; alma de Jesus manifestava o céu e a outra a escuridão. Hoje também nesta diferença se encontra a solução do problema.
A única causa do sofrimento do mundo é o pecado; e o bom ladrão reconheceu em Jesus o Rei imortal, que pela porta da morte entrava no Seu Reino, e abria o céu outros, para «justificá-los» e levá-los consigo. «Ainda hoje estarás comigo no Paraíso – disse Jesus ao bom ladrão. – Levar-te-ei comigo, tu serás já o fruto doce da minha amarga paixão.»
Junto da Cruz de Jesus encontrava-se ainda Sua Mãe, cujo Coração era traspassado de dor. Toda a Sagrada Escritura apresenta Maria estreitamente unida ao Seu Filho Divino, e sempre participante da sua sorte. Acima de tudo deve recordar-se que, desde o século segundo, a Virgem Maria é apresentada como a nova Eva, estreitamente unida ao novo Adão, embora a Ele sujeita. Mãe e Filho aparecem intimamente unidos na luta contra o inimigo infernal, luta essa que, como foi pré-anunciada no Protoevangelho, havia de terminar na vitória completa sobre o pecado e a morte, que o Apóstolo das gentes sempre associara nos seus escritos. Assim, o amor de Deus que não poupava o Filho, também não poupava a Mãe, e conduzia também a «serva» seguindo o Filho na amargura, infâmia, na vergonha. O Coração Imaculado sofria com O adorável Coração do seu Filho. E Jesus não mandou esculpir esta sua Paixão e morte em pedra ou madeira; os evangelistas descreveram-nas só com poucas palavras. Mas quis que Maria guardasse tudo no seu Coração; Ele confiou as Suas chagas, dores e súplicas ao Coração de Sua Mãe; ele depositou e guardou, e é este Coração que nos pode tudo transmitir; por isso, quem quer aprofundar-se nos sentimentos reparadores de Jesus, tem que procurar Sua Mãe.
Assim durante os séculos a Cristandade aprendeu da Mãe das Dores, como sofrer e como reparar com Jesus.