A Mensagem de Fátima contém um núcleo essencial, que não é outra coisa senão o Evangelho de Jesus Cristo lembrado pela Virgem Maria aos homens do século vinte. Resume-se, afinal, no apelo à construção do templo de Deus, no mundo. Em Fátima ouviu-se a voz do Céu a dizer: « É preciso erguer aqui uma capela, um templo”.
E, ontem como hoje, a resposta ao apelo de Deus que Maria transmite, não consiste tanto em edificarmos o templo material, feito sempre de pedras mortas, por mais belas e adornadas que sejam. Na sagração duma nova igreja ouvimos que o mais importante é que sejamos pedras vivas duma igreja espiritual. Consiste, sobretudo, em nos comprometermos na edificação do templo espiritual, aquele que é composto de pedras vivas, onde circula a vida divina. Consiste em procurarmos e consentirmos que Deus estabeleça a Sua morada no nosso coração e no coração de todos os homens.
Por isso, em Fátima, a Virgem Maria não se limitou a formular um pedido. Acrescentou logo a indicação dos meios concretos, sem os quais não é possível dar-Lhes cumprimento. São eles a oração, o sacrifício, a mudança de vida, e uma vida segundo a Mensagem do Coração Imaculado de Maria. Se queremos erguer o templo de Deus no mundo, se queremos que a humanidade re-encontre a paz e a concórdia, temos necessariamente de recorrer à oração, ao sacrifício, á emenda de vida, procurar a proteção do Coração Imaculado. A oração, o sacrifício, a conversão, a consagração vivida, constituem, de facto, as grandes traves-mestras da construção do templo de Deus, que todos somos chamados a edificar.
Sem oração, o mundo não tem alma. Como tantas vezes acontece em nossos dias, sem oração, o mundo será um deserto estéril, uma prisão carecida de ar e de luz, um labirinto complexo, onde se não descobre porta de saída É a oração que dá fecundidade espiritual. É a oração que tonifica e ilumina a existência humana. E, enfim, a oração que confere sentido à vida, porque relaciona profundamente os homens com Deus e uns com os outros. Bem sabemos como Jesus, no Evangelho, nos inculca o valor e a necessidade da oração. E também não podemos esquecer quanto a Virgem de Fátima pediu aos pastorinhos, e por eles à humanidade inteira, que rezassem assiduamente pela conversão dos pecadores, pela Igreja e pelo Santo Padre, e pela paz no mundo. Recomendou-Lhes que rezassem o terço todos os dias e se oferecessem a Deus como vítimas de expiação e reparação pelos pecados do mundo.
Estaremos nós suficientemente convencidos do valor quase infinito e da necessidade inadiável da oração? Bom seria, se cada qual pudesse dizer de si próprio quanto afirmou o escritor de língua espanhola, Donoso Cortes: « Estou certo de que trabalha mais pelo mundo aquele que reza do que aquele que combate. Se as coisas vão mal no mundo, é porque há mais quem combate do que quem reze».
Oração, se é bem feita, arrasta consigo a mudança de vida. Não é possível ao homem relacionar-se em profundidade com Deus e com os irmãos.