Santuário de Fátima lembra hoje a Ir. Lúcia de Jesus

A Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, acolheu esta manhã a celebração da Peregrinação mensal de fevereiro, presidida pelo Pe. José Nuno Silva, capelão do Santuário de Fátima.

Com base na liturgia, o sacerdote fez uma reflexão acerca do “medo”.  

Em 1917, quando Nossa Senhora aparece aos Três Pastorinhos, a primeira coisa que diz é «Não tenhais medo», e já antes em 1916, o Anjo na primeira aparição disse «Não temais», lembrou o Pe. José Nuno para falar do “medo que marca o nosso coração, e quando o medo é maior, o coração deixa de bater e a vida de funcionar”.

Segundo o capelão, este sentimento apesar de fazer parte da vida de cada um, tem a capacidade de “paralisar”, sendo o medo uma das emoções que “mais marca” cada pessoa.

Temos medo da solidão, medo dos outros, medo do sofrimento, medo do futuro, medo da doença, tantos medos”, reiterou, dizendo que “é importante tomar consciência disso, algo que acontece aqui em Fátima e em toda Bíblia, o medo e posteriormente essa tranquilização”.

Assim, “em Maria, o nosso Deus dirige-nos hoje, em cada momento da nossa vida e em cada circunstância, um chamamento que contraria o medo, a viver o contrário do medo”, e o Pe. José Nuno lembrou que não é a “coragem” o sentimento contrário, mas sim a “confiança”.

É isso que importa, a confiança, e olhar para Maria como ela aqui se apresenta em Fátima é um apelo e um convite a confiar em Deus”, lembra o Capelão.

Voltando às palavras de Francisco em maio de 2017, quando este disse “Temos Mãe”, o sacerdote considera que a Cova da Iria é o lugar indicado a sentir essa “mão da Mãe”, por ser aqui que Nossa Senhora se “manifesta”.

Aqui não tenhamos medo, confiemos, independentemente do que neste momento esteja a afetar a nossa vida, confiemos”, apelou o Pe. José Nuno, recordando ainda que “se Deus nos parece muito distante e precisamos de uma experiencia mais próxima, procuremos na Mãe, nós nascemos da Mãe e a presença de Maria é expressão mais próxima que Deus tem para com cada um dos Seus filhos”.

A Maternidade de Maria significa maternidade do próprio Deus, e por isso podemos confiar”, concluiu.

O Santuário de Fátima, lembra hoje, dia 13 de fevereiro, a Ir. Lúcia de Jesus.

Nascida a 28 de março de 1907, em Aljustrel, como os seus primos, batizada dois dias depois, Lúcia recebe a Primeira Comunhão em 30 de maio de 1913, por mediação do Pe. Cruz – de acordo com a documentação conhecida –, impressionado com os seus conhecimentos catequéticos.

Nas suas Memórias, Lúcia relata que em 1915 teve pela primeira vez visões de uma espécie de nuvem, com forma humana, por três ocasiões diferentes, quando estava com outras amigas. Mas é no ano seguinte, 1916, que juntamente com os primos Francisco e Jacinta Marto, recebe as aparições do Anjo da Paz, como se apresentou.

Um ano depois, a partir da primeira Aparição de Nossa Senhora, em 13 de maio de 1917, a vida de Lúcia, Francisco e Jacinta Marto- transformou-se completamente: não só porque acolheram os pedidos da Senhora mais brilhante que o Sol, recitando diariamente o terço, fazendo sacrifícios, alguns dolorosos, pelos pecadores e comparecendo durante seis meses, ao dia 13, naquele local, mas sobretudo porque passam a ser constantemente interrogados sobre o que viram e acusados de mentirem e de inventarem tudo.

Recolhida no Asilo de Vilar, no Porto, depois da última Aparição (ocorrida a 13 de outubro de 1917), a conselho do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, Lúcia de Jesus começa uma vida retirada do mundo que a irá levar ao postulantado das Irmãs Doroteias, em Espanha, aos 15 anos de idade, e, mais tarde, à clausura do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde permaneceu desde 17 de maio de 1946 até à sua morte, a 13 de fevereiro de 2005.

Ainda em Vilar escreve, em 5 de janeiro de 1922, o primeiro relato das Aparições e dois anos e meio depois, a 8 de julho de 1924, responde, no Porto, ao interrogatório oficial da Comissão Canónica Diocesana sobre os acontecimentos de Fátima.

Na sequência do trabalho da Comissão, o bispo de Leiria publicou, a 13 de outubro de 1930, 13 anos depois das Aparições, uma Carta Pastoral sobre o culto de Nossa Senhora da Fátima, considerando “dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima […], nos dias 13 de maio a outubro de 1917”.

A missão de Lúcia, que ao contrário dos primos viveu uma vida longa, passou por divulgar a devoção ao Coração Imaculado de Maria, como resulta da descrição que a própria faz nas suas Memórias a propósito da segunda aparição, em junho. Em virtude desta missão que lhe foi confiada recebeu ainda outras visitas de Nossa Senhora, assim como grandes graças místicas que a ajudaram a percorrer o seu caminho com fidelidade.

Ingressou na Congregação de Santa Doroteia, em Espanha, em 1925, onde se deram as aparições de Tuy e Pontevedra, as aparições da Santíssima Trindade, de Nossa Senhora e do Menino Jesus.

Desejando uma vida de maior recolhimento para responder à mensagem que a Senhora lhe tinha confiado, entrou no Carmelo de Coimbra, em 1948, onde se entregou mais profundamente à oração e ao sacrifício. Aqui tomou o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.

Lúcia deixou numerosos escritos, de que se salientam as Memórias, divididas em seis partes, escritas a pedido quer do bispo de Leiria quer, mais tarde, do reitor do Santuário, Mons. Luciano Guerra (as duas últimas).

As seis partes das Memórias, redigidas entre dezembro de 1935 e março de 1992, incluem o relato das Aparições, tanto do Anjo de Portugal como da Senhora do Rosário (2.ª e 4.ª), e evocações de Jacinta (1.ª), de Francisco (4.ª), do pai (5.ª) e da mãe (6.ª).

A 3.ª Memória, datada de agosto de 1941, integra as duas primeiras de três partes do conteúdo reservado da Mensagem de Fátima que passou a ser conhecido como o Segredo de Fátima: a visão do Inferno e o pedido de devoção ao Imaculado Coração de Maria e de consagração da Rússia.

A terceira e última parte do Segredo é incluída na 4.ª Memória e refere-se à luta dos “sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milénio. É uma Via-Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século XX”, conforme anunciou em Fátima, em 13 de maio de 2000, o cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano.

Em carta dirigida ao Papa Pio XII, em 2 de dezembro de 1940, Lúcia pede insistentemente que seja atendido o pedido de Nossa Senhora, reafirmado em Aparições posteriores em Espanha, para que fosse proclamada a devoção ao Imaculado Coração de Maria e a consagração do mundo, e em especial da Rússia, ao Coração de Maria. Consagração que Pio XII acabou por fazer, a 31 de outubro de 1942, em Roma, renovando-a no mesmo local a 8 de dezembro.

Paulo VI (21 de novembro de 1964), João Paulo II (7 de junho de 1981, 8 de Dezembro de 1981, 13 de maio de 1982, 16 de Outubro de 1983, 25 de março de 1984 – em comunhão com todos os bispos do mundo – e 13 de maio de 1991) e Francisco (13 de Outubro de 2013) também renovaram a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.

Da sua vida resulta uma extensíssima coleção de escritos, entre cartas pessoais, familiares, e oficiais, sobretudo aquela que resulta da correspondência com Papas, com quem Lúcia acabou por encontrar-se pessoalmente à exceção de Bento XV e Pio XII.

O primeiro contacto direto com um Sumo Pontífice ocorreu em 1967, quando se deslocou a Fátima para se encontrar com Paulo VI, a pedido do próprio Papa, durante as celebrações do Cinquentenário das Aparições.

A imagem do sucessor de Pedro ao lado da única vidente de Fátima viva correu mundo e constituiu, para muitos, a primeira vez para ver Lúcia.

Com João Paulo I não houve um contacto direto durante o seu curto pontificado, mas a Irmã Lúcia recebera o então cardeal Albino Luciani, futuro Papa, no Carmelo de Coimbra, depois de uma visita do Patriarca de Veneza a Fátima. A conversa foi prolongada, mas não há registo dos assuntos abordados.

Os contactos mais frequentes foram com João Paulo II, depois do atentado em Roma, durante as visitas que o Papa efetuou a Fátima (em 1982, 1991 e 2000). A última visita assumiu um caráter especial para a Irmã Lúcia, pois ocorreu a propósito da beatificação dos seus primos Francisco e Jacinta, os outros dois pastorinhos de Fátima, e foi a altura escolhida pelo Papa para anunciar a terceira e última parte do Segredo de Fátima, referente, na interpretação do Pontífice, à predição do atentado que sofrera em 1981.

A Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, nome que adotou quando professou os seus votos perpétuos, em 31 de maio de 1949, morreu a 13 de fevereiro de 2005 e foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sendo os seus restos mortais trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima a 19 de fevereiro de 2006, ficando ao lado de sua prima Jacinta.

Três anos após a morte de Lúcia, em 3 de fevereiro de 2008, o cardeal José Saraiva Martins, então Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, anuncia, no Carmelo de Coimbra, que o Papa Bento XVI tinha acedido aos pedidos do bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, e de numerosos fiéis em todo o mundo, para que fosse dispensado o período canónico de espera de cinco anos para abertura do processo de beatificação da vidente, autorizando a sua antecipação.

A fase diocesana do processo foi aberta por D. Albino Cleto, em 30 de abril de 2008, e a sua conclusão foi anunciada em 13 de janeiro de 2017. A sessão solene de encerramento do processo decorreu a 13 de fevereiro de 2017, nove anos depois do seu início e 12 anos após a morte da vidente.

 

(fonte: https://www.fatima.pt )