Os Pastorinhos e o Céu

«Eu te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequeninos» (Mt 11,25)

As vidas do Francisco e da Jacinta foram breves e simples. Apenas viveram do Amor e para o Amor que se lhes revelara na luz oferecida pelas mãos da Senhora tão linda. E isso foi tudo. No final do ano de 1918, o Francisco e a Jacinta são tomados por uma epidemia bronco-pneumónica. A Senhora havia-lhes assegurado que iriam para o Céu brevemente e, por isso, as crianças compreendem que a sua hora se aproximava.

O Francisco morrerá em 4 de abril de 1919 em sua casa, em Aljustrel, e a Jacinta em 20 de fevereiro de 1920, sozinha, num hospital em Lisboa. O menino tinha 10 anos. A irmã tinha 9. O sofrimento de ambos, durante os meses de doença, foi assumido como um dom de si pelos pecadores, pela Igreja, pela história sofrida dos homens e mulheres, a quem amaram até ao extremo. Quando, certo dia, a Senhora voltou a aparecer à Jacinta para lhe anunciar que, depois de sofrer muito, morreria só, num hospital em Lisboa, e que a própria Senhora a viria buscar para o Céu, Jacinta exclama, cheia de inocência e de maturidade: «Ó Jesus, agora podes converter muitos pecadores, porque este sacrifício é muito grande» (M 62).

Quem haveria de suspeitar que vidas tão breves e simples fossem capazes de tanto amor?

Lúcia será ainda testemunha de um século sedento de Deus, da sua Graça e Misericórdia, porque demasiado embrulhado em estratagemas de domínio e violência. Como memorial das graças de Deus, ela continuará a anunciar a vocação do Coração Imaculado, como caminho através do qual Deus resgata o Homem com o seu amor. O diálogo inaugurado na Cova da Iria continuará ainda a fazer-se com esta mulher consagrada, outrora pastorinha, que se torna vidente da presença do Deus-mistério-de-comunhão nos dramas do mundo e arauto da vida plena que Ele oferece. Não mais deixará de repetir os pedidos da Senhora de branco: a conversão que se alcança pela adoração a Deus; a oração do rosário que medita a vida de Cristo; a consagração ao Coração Imaculado de Maria, essa mulher singular que inaugura um jeito de ser à luz do Filho; a reparação através dos primeiros sábados, esses sabath consagrados a Deus que evocam a libertação prometida.

Lúcia verá ainda a Igreja confirmar que o segredo deixado em Fátima é eco do evangelho. E que, no limiar de um novo milênio, as vidas dos seus primos, pequenas crianças serranas a quem Deus visitou, indicam a toda a Igreja um estilo crente de abertura aos desígnios de misericórdia e, por isso, estes são beatos. No final deste intenso percurso espiritual, Lúcia é acolhida definitivamente pela luz de Deus em 13 de fevereiro de 2005.

Os pastorinhos viveram intensamente a paixão de Deus pela humanidade. E, assim, foram constituídos profetas do amor de Deus e oferecidos por Ele ao mundo como crianças-pastores segundo o seu coração (Jer 3,15).

(Fonte:https://www.fatima.pt )