Uma convocação à adoração

Fatima e a Santíssima Eucaristia

É com um convite à confiança que se inaugura o acontecimento de Fátima. Percursor da presença da luz de Deus que dissipa o medo, o Anjo anuncia-se por três vezes aos videntes, em 1916, com uma convocação à adoração, atitude fundamental que os há de predispor para acolher os desígnios da misericórdia do Altíssimo. É esta convocação ao silêncio habitado pela presença transbordante do Deus Vivo que se vê espelhada na oração que o Anjo ensina às três crianças: Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos.

Prostrados por terra, em adoração, os pequenos pastores compreendem que ali se inaugura uma vida renovada. Da humildade da prostração de toda a sua existência em adoração há de brotar o dom confiante da fé de quem se faz discípulo, a esperança de quem se sabe acompanhado na intimidade da amizade com Deus, e o amor como resposta ao amor inaugural de Deus, que frutifica no cuidado pelos outros, particularmente pelos que se colocam à margem do amor, pelos que «não creem, não adoram, não esperam e não amam».

Ao receberem do Anjo a Eucaristia, os pastorinhos veem confirmada a sua vocação a uma vida eucarística, a uma vida feita dom a Deus pelos demais. Acolhendo, pela adoração, a graça da amizade com Deus, são comprometidos, pelo sacrifício eucarístico, com a oferta total das suas vidas.

Merece destaque a Terceira aparição do Anjo , na Loca do cabeço no outono de 1916.

«[…] trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálice, algumas gotas de sangue. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:
– Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo:
– Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
De novo se prostrou em terra e repetiu connosco mais três vezes a mesma oração.
– Santíssima Trindade… etc.»

Fonte: 

  • fatima.pt
  • Memórias da Irmã Lúcia I. 14.ª ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2010, p. 170-171 (IV Memória).