O mundo despediu-se de um arauto da mensagem de Fátima

Queremos recordar de um sacerdote que deu a sua vida na propagação da Mensagem de Fátima e no empenho da Canonização dos Pastorinhos Jacinta e Francisco, é o Padre Luis Kondor, mvd.

O momento vivido na manhã de 30 de Outubro, em Fátima foi de recolhimento mas de esperança cristã, que, nas palavras de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, nos faz compreender “que o nosso morrer não é o fim, mas o ingresso na Vida que não conhece mais morte, nem o luto, nem a dor”.
O mundo despediu-se de um arauto da mensagem de Fátima, o Padre Luís Kondor, Vice-Postulador da Causa da Canonização dos Pastorinhos de Fátima, falecido aos 81 anos, em Fátima, na casa onde residia.

A celebração das exéquias esteve inicialmente marcada para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, onde estão tumulados os Pastorinhos Videntes, mas, por haver informação de que um grande número de pessoas queria prestar a sua última homenagem ao Padre Kondor, a celebração acabou por ser transferida para a Igreja da Santíssima Trindade, que pela primeira vez acolheu uma celebração deste gênero.
A Missa foi presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima e concelebrada pelo Bispo de Lamego, pelos Bispos Eméritos de Leiria-Fátima, Coimbra e Portalegre-Castelo Branco e por mais de 150 sacerdotes. Em destaque, pelo grande número, os sacerdotes da Congregação do Verbo Divino, a que o Padre Kondor pertencia, e os residentes na Diocese de Leiria-Fátima.
Participaram na celebração mais de três mil pessoas, que se juntaram a muitas outras que não podendo estar presentes manifestaram nos últimos dias aos familiares do Padre Kondor, à Diocese de Leiria-Fátima, à Congregação do Verbo Divino, ao Santuário de Fátima e à Postulação dos Videntes o quanto reconheciam, acarinhavam e estimavam este sacerdote.
Durante a homilia D. António Marto disse que o Padre Kondor, enviado para Fátima quando a Hungria foi invadida, soube melhor que ninguém compreender os apelos da mensagem Fátima, o que o levou, depois, a decidir-se difundi-los pelo mundo inteiro.
Nas Aparições em Fátima, Nossa Senhora fez ecoar, de novo, precisamente esta mensagem do Magnificat para a humanidade do século XX, em risco de afundar-se no abismo infernal da autodestruição, e para a Igreja ferozmente perseguida para ser aniquilada. Foi esta beleza e grandeza da graça e da misericórdia de Deus que fascinou os pequenos videntes, os pastorinhos, e os atraiu para o caminho da santidade. Foi esta mensagem que o P. Kondor, vindo do Leste, percebeu, com particular acuidade, na sua relevância e urgência para a Igreja, para o mundo e para a vida cristã. Por isso se tornou um dos grandes arautos da Mensagem, com uma íntima, profunda e total dedicação. Promoveu a sua difusão universal com a publicação das ‘Memórias da Irmã Lúcia’ e do ‘Boletim dos Pastorinhos’ em várias línguas e através das suas viagens a vários países”, disse.
O prelado de Leiria-Fátima sublinhou também o grande afeto que Padre Kondor dedicou aos pastorinhos, tomando a peito a causa da sua beatificação e difundindo a sua espiritualidade”, e a sua “devoção profunda ao Imaculado Coração de Maria” e que, por tudo isto, o nosso caro P. Kondor fica indelevelmente ligado à história de Fátima”.
D. António recordou com comoção um dos encontros pessoais que lhe fez, na fase final da sua doença. Numa visita que lhe fiz na fase final da doença confidenciou-me: “Quero viver este sofrimento como oferta de reparação tal como os pastorinhos”. E numa outra vez perguntou-me: ‘que posso ainda fazer, assim, pela Diocese’? Ao que eu lhe respondi: ‘Ofereça o seu sofrimento pelo dom das vocações sacerdotais de que a Diocese tanto precisa’. ‘Sim, sim’, foi a sua resposta serena, como quem se sente em paz”.
A solidariedade era uma outra característica marcante do carácter e das ações do Padre Kondor, o que lhe veio a merecer a homenagem pela “Fundação Ajuda à Igreja que Sofre”, comemorando os seus 50 anos de Padre e de presença em Portugal, e a insígnia de Comendador da Ordem de Mérito, atribuída pelo Presidente da República Jorge Sampaio.
Recorde-se que, durante muitos anos, o Padre Luís Kondor colaborou como intermediário entre instituições da Igreja alemã e obras nas dioceses Portuguesas. Entre os muitos apoios que consegue para a Igreja católica portuguesa, destaca-se: reconstrução de várias igrejas nos Açores, após o grande sismo de 1.01.1980. Dedicou-se a diversas obras: em 1956 a construção do Monumento dos Valinhos, em 1959 a imagem de Santo Estêvão que se encontra na Basílica; de 1960 a 1965 colabora com  D. João Pereira Venâncio na construção do Seminário Diocesano de Leiria, do Colégio S. Miguel e do Colégio da Marinha Grande; em 1964 a construção da Via Sacra e Capela do Calvário; de 1974-1997 colaborou na transferência de ajudas financeiras da Weltkirche-Köln para dioceses, conventos, casas sacerdotais, paróquias e casas sociais em Portugal; de 1974-1997 colaborou com o Europäischer Hilfsfound das Conferências Episcopais da Áustria, Alemanha e da Suíça, no apoio a dioceses portuguesas; em 1979 a Construção da nova Casa Episcopal de Leiria; de 1975-1985 colaborou na construção dos novos Carmelos de Patacão (Faro), Bom Jesus (Braga) e São Bernardo (Aveiro).
Até ao fim, manifestou o seu profundo amor pela Igreja. Neste momento, é nosso dever reconhecê-lo como um grande benfeitor da Diocese de Leiria-Fátima e da Igreja em Portugal. Com os seus vastos contatos internacionais conseguiu grandes ajudas para muitas dioceses, paróquias, seminários, mosteiros e causas sociais. A Igreja em Portugal fica-lhe muito grata e não o esquecerá, sublinhou D. António Marto na homilia.  
No final da celebração, antes da viagem até ao Cemitério Paroquial de Fátima, onde o corpo do Padre Kondor foi sepultado, tomou da palavra do Superior Provincial da Congregação do Verbo Divino, para agradecer todas as mensagem a manifestações de carinho pelo Padre Kondor na fase final da sua vida e também após a sua morte.
(O Padre Kondor) foi missionário toda a sua vida”. “O seu amor a Nossa Senhora era amparo, proteção e alegria, e sobretudo o caminho para chegar a Jesus Cristo. Era grande amigo dos Pastorinhos de Fátima, disse o Padre José Nunes da Silva.
Desejo que o amor infinito de Deus que tudo renova e que muito nos ama nos fortaleça e nos torne capazes de dar a vida à missão, como ele fez”, concluiu.


LeopolDina Simões, Sala de Imprensa