Poucas coisas motivaram mais teorias da conspiração à volta da Igreja do que a terceira parte do segredo de Fátima, ou o “terceiro segredo”, como ficou conhecido.
A terceira parte da visão foi mantida em segredo, conhecido apenas pelo bispo de Leiria-Fátima e o Papa, até ao ano 2000, altura em que João Paulo II a mandou revelar.
Esta parte da visão é descrita da seguinte forma por Lúcia: “E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se vêem as pessoas no espelho, quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz, de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meio em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.”
E continua: “Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas e assim mesmo foram morrendo uns após os outros, os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares. Cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximavam de Deus.”
João Paulo II identificou este “bispo vestido de branco” como sendo ele próprio, e os tiros como o atentado que sofreu em 1981, precisamente no dia 13 de Maio. Nessa altura considerou que foi salvo da morte por intervenção de Nossa Senhora, dizendo mesmo que “uma mão disparou a arma, outra guiou a bala”.
O segredo foi lido, sem que isso tivesse sido previamente anunciado, no final da missa de beatificação de Francisco e Jacinta no ano 2000, em Fátima, presidida pelo Papa João Paulo II.
Para muitos o assunto foi dado como encerrado, mas na oração que preparou para ser rezada na capelinha das aparições na sexta-feira, quando chegar a Portugal, Francisco surpreendeu ao descrever-se a si mesmo como um “bispo vestido de branco”, parecendo com isso dizer que a mensagem de Fátima, mais do que estar ligada diretamente a um Papa, está ligado ao papado em si e que mantém toda a sua relevância nos dias atuais.
(fonte: radio renascença)