Foi unicamente Jesus que exemplarmente seguiu este caminho da reparação. Ele aceitou-o por nós, tomando corpo humano, e dando o seu sangue e a sua vida pela vida do mundo. Pela sua cruz tornou-se a nossa reparação. São Paulo explica: “Deus, porém, demonstra o Seu amor para connosco, pelo fato de Cristo haver morrido por nós, quando ainda éramos pecadores… sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de Seu Filho, com muito mais razão, depois de reconciliados, seremos salvos pela Sua vida.” (Rom 5, 8.10)
Esta reparação de Jesus não significa de modo nenhum que Ele tenha feito tudo por nós, o que aliás nós devíamos ter feito! Certo é, que por nós próprios nunca a teríamos conseguido, e por isso a redenção ficará unicamente obra de Cristo. Tanto mais nos importa perceber, que o Salvador deu-nos também a possibilidade de poderemos tomar parte, em completar a Sua obra redentora. Desta maneira nós poderemos ultrapassar a preocupação pela nossa própria salvação e abrir-nos às intenções do amor misericordioso de Jesus e Maria, manifestadas em Fátima. Isto nos ensina o exemplo dos Pastorinhos, que tanto se preocupavam em salvar as almas do inferno e reparar os Corações de Jesus e Maria, unindo-se ao amor dos mesmos Corações, cuja preocupação é a salvação de todos… As vidas Pastorinhos não tiveram unicamente o fim de santificar a si próprios, mas o centro das suas preocupações, a sua missão era ajudar a salvar todos. Assim lhes deu o Anjo a entender, ensinando–os a crer, adorar, esperar e amar por aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não amam.
Quem examina profundamente a mensagem de Fátima, pode ficar interiormente chocado pela aparentemente excessiva preocupação pela salvação das almas, de que tanto fala, os espinhos cravados no Coração da Virgem, a constante importunação da referência ao pecado… Mas tomará também conhecimento duma outra realidade maravilhosa: a consolação interior, que lhe é dada por esta preocupação pelos outros, a certeza que tomará parte no destino final dos Pastorinhos. Conformados na lei “de nos entregarmos pelos outros”, poderemos esperar participar naquilo que os esperava na Casa do Pai.