Sofrer é muito ruim. Não temos como negar isso. A dor é ruim, machuca e muitas vezes desanima, pois ficar com dor, cotidianamente, desanima… desanima até lutar contra ela, pois sabe que vai continuar doendo apesar da luta, então, pensa-se que a melhor maneira é guardar as energias pra outra coisa ao invés de lutar contra a dor.
Sendo isso verdade, por que muitos pais colocam-se na frente do filho para dar a vida por ele? Por que tivemos o fato, recentemente, do irmão que deu a vida pelo outro irmão numa enchente na Austrália em janeiro? Por que muitos pais, sabendo que um órgão seu pode salvar a vida do filho não pensam 2 vezes? Não é a mesma dor? Lógico que sim, porém encontram SENTIDO para a dor. O sentido da dor ameniza ou extingue a mesma. A alegria pela vida que vai salvar é maior que a dor de saber que morrerá ou que sofrerá.
Papa Bento XVI em seu livro “Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo” diz: “As nossas cruzes adquirem valor se são consideradas e recebidas como parte da cruz de Cristo, se nos unimos a ela por meio do resplendor de sua luz. Só por esta cruz também os nossos sofrimentos são enobrecidos e adquirem um sentido verdadeiro.” Se sabemos direcionar, canalizar, a cruz que carregamos como fazendo parte da Cruz que Jesus carregou faz com que a cruz não seja vivida sozinha, de forma até mesmo egoísta, mas, ao contrário, ela é vivida com outros e dividida com outros. Ela não está só sobre seu ombro, mas, ao contrário, está sendo compartilhada com o ombro de tantos outros em tantos lugares do mundo e até mesmo por pessoas que ainda virão a nascer. Esse é o sentido universal e atemporal de nossa fé.
Sofrer sozinho é assumir e negar o verdadeiro sentido do sofrimento, pois, para nós católicos, “o sofrimento não é entendido nunca como a última palavra, mas sim visto como um lugar de passagem para a felicidade; e mais, este sofrimento já está misteriosamente imbuído da alegria que emerge da esperança.” Essa palavra do Papa Bento XVI também faz despertar em nós que devemos contar com o Espírito Santo que está em nós, devemos contar com o nosso ser batizado que nos garante as virtudes teologais, dentre as quais está a ESPERANÇA, garantindo assim o sofrimento como passageiro, como uma ponte para a FELICIDADE. Como toda ponte, tem início e tem fim. Se ficar parado, a ponte não será atravessada. Daí a importância de não parar, de não se deixar desanimar, mas ao contrário, passar pela ponte, nem que seja rastejando, mas nunca parar. Nunca parar na dor, no sofrimento.
Eis aí a garantia final do sofrimento: A FELICIDADE, porém não pare na dor, no sofrimento.
Vamos atravessar juntos essa ponte?
Deus os abençoe
JR/CN