Quando, em 1865, Dom Bosco encarregou o pintor Tomás Lorenzone de pintar o quadro, causou grande admiração a todos os que o escutavam, pela grandiosidade do projeto, como se falasse de uma cena já vista: “Ao alto, Maria Santíssima, entre os coros dos Anjos. Depois os coros dos profetas, das Virgens, dos Confessores. No chão, os emblemas das grandes vitórias de Maria e os povos do mundo levantando as mãos para ela pedindo ajuda”.
O pintor notou-lhe que para pintar um quadro do gênero, seria preciso uma praça e para o guardar, uma igreja grande como Piazza Castello. Dom Bosco resignou-se a ver o seu projeto reduzido. Lorenzone alugou um espaço no Palazzo Madama e pôs-se ao trabalho.
Dom Bosco compreendeu que o pintor tinha razão; e ficou decidido que o quadro teria Nossa Senhora, os Apóstolos, os Evangelistas, e um grupo de anjinhos. Em baixo, devia aparecer o Oratório de Turim, e, ao fundo, a Basílica de Superga.
Terminada a pintura, o pintor disse a um sacerdote salesiano que foi visitá-lo: “Contemple como é belo! Porém, não é obra minha. Não fui eu que o pintei. Foi outra mão que guiou a minha. Diga a Dom Bosco que o quadro sairá como ele o deseja”.
Depois de três anos de trabalho, o grande quadro ficou pronto e foi levado e pendurado na Basílica de Maria Auxiliadora, Turim. Lorenzone, ao ver o quadro no lugar, ficou comovido. Caiu de joelhos e começou a soluçar!
Dom Bosco descreve-o assim: “A Virgem domina num mar de luz e majestade. Está rodeada de uma multidão de Anjos que a homenageiam como rainha. Na mão direita segura o cetro, que é símbolo do seu poder; Na mão esquerda segura o Menino que tem os braços abertos, oferecendo assim as suas graças e a sua misericórdia a quem recorre à sua augusta Mãe. À volta e em baixo estão os santos Apóstolos e os Evangelistas. Eles, transportados por um doce êxtase, quase exclamam: Regina Apostolorum, ora pro nobis. Olham atônitos a Virgem Maria. No fundo da pintura está a cidade de Turim, com o santuário de Valdocco em primeiro plano e com o de Superga ao fundo. Aquilo que tem maior valor no quadro é a idéia religiosa, que gera uma devota impressão em quem o olha”.
Segundo a descrição feita por Dom Bosco, o quadro é uma eficaz representação do título “Maria, Mãe da Igreja”. E uma grande página de catequese mariana. Maria, enquanto Mãe do Filho de Deus, é a Rainha do céu e da terra: toda a Igreja, representada pelos apóstolos e pelos Santos, a aclama como Mãe e Auxiliadora poderosa.
Nossa Senhora é representada no alto, entre as nuvens, como Rainha do Céu, com o cetro na mão, símbolo de seu poder. A pomba estende as suas asas sobre a cabeça; e, mais em cima, o olho de Deus Pai, que ilumina tudo de vivíssima luz. Fazem coroa à Virgem diversos grupos de engraçados anjinhos. Maria Auxiliadora é rodeada, portanto, de Anjos que lhe fazem coroa e lhe prestam homenagem como a sua Rainha.
Com a mão direita, Nossa Senhora segura o cetro, símbolo do poder; com a esquerda, segura o Menino Jesus, que tem os braços abertos, oferecendo assim suas graças e sua misericórdia a quem recorre à sua querida Mãe. Na cabeça tem uma coroa de doze estrelas, com a qual é proclamada Rainha do céu e da terra.
Os Apóstolos Pedro (com as chaves) e Paulo (com a espada) ocupam no quadro o lugar principal, depois da Virgem Mãe. Os dois estendem os braços para Nossa Senhora, como para impetrar sua proteção. Atrás deles, estão os quatro Evangelistas, com os respectivos símbolos.
À direita, São Lucas, sentado sobre o touro, leva-nos a pensar no lugar do sacrifício, próprio do Antigo Testamento. Com efeito, o Evangelho de São Lucas começa com o sacrifício do sacerdote Zacarias.
Acima de Lucas, está São Mateus, coberto com um manto branco, tendo nos braços o menino em forma de anjo, porque ele começa o seu Evangelho, enumerando os antepassados humanos de Jesus.
À esquerda, São Marcos, sentado sobre o leão, para lembrar o grito que o Evangelista brada, no começo do seu Evangelho, quando diz: “Voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor!”
Mais acima, é representado São João Evangelista. Das nuvens que estão na frente dele, aparece uma águia, para significar que ele, escrevendo o Evangelho, levantou o vôo como águia, como Aquele pelo qual foram feitas todas as coisas.
Os Apóstolos, em diversas atitudes, aos pés de Nossa Senhora, levando os instrumentos de seu martírio. Em baixo, entre os Apóstolos Pedro e Paulo, aparece a Basílica de Maria Auxiliadora e, no horizonte, a colina de Superga, com o templo dedicado à Virgem Mãe de Deus, Maria Santíssima.
O Papa Leão XIII, por ocasião do 25º ano de seu pontificado, decretou a solene coroação da imagem de Maria Auxiliadora. Para a solene cerimônia, foi delegado o Cardeal A. Richelmy, Arcebispo de Turim. A cerimônia deu-se no dia 17 de maio de 1903, dia que ficará eternamente glorioso na história da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.
No dia nove de junho de 1918, o Cardeal Salesiano João Cagliero, por decreto do Papa Bento XV, coroou a imagem de Maria Auxiliadora e colocou um cetro de ouro, dons da Princesa Isabel Czartoryski. Era o primeiro cinqüentenário da consagração do Santuário e Jubileu de Ouro do P. Paulo Álbera, segundo Reitor-Mor dos Salesianos.
O pintor do quadro, Tomás Lorenzone, que nasceu em 1824 e faleceu em 1902, pintou exclusivamente objetos religiosos. Pintor humano e religioso. Trabalhou nas igrejas de Turim e do Piemonte.