Epifania do Amor

Estamos na semana da Epifania, da manifestação do Senhor. A liturgia faz questão de testemunhar que a grande estrela que ilumina todos os povos não é outra senão o próprio Cristo. É dele que fala o salmista “os reis de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor (Sl 102, 16)”.

Ora, o reinado de Jesus Cristo, ao qual somos chamados, não tem outra característica senão a de ser Reino de Amor. São João na sua carta define Deus como Amor (1Jo 4,16) e ousa dizer que quem não ama não chegou a conhecer a Deus (1Jo 4,20).

Infelizmente, muitos de nós cristãos, nos dizemos conhecedores de Deus, conhecedores da Sua Palavra, mas não somos capazes de amar verdadeiramente. Nosso amor é, muitas vezes, limitado. Amor apenas de palavra, da boca pra fora. É um amor medíocre que não é capaz de perdoar, que vira o rosto quando tal pessoa passa diante de nós… Um amor frequentemente acompanhado por uma conjunção adversativa: “mas…” Sempre há um mas, um porém, um todavia

Mais do que nunca, somos chamados por Deus a viver como povo da Epifania, da manifestação da glória de Deus. Glória que se manifesta na singeleza de uma criança e na doação completa de sua vida na Cruz – expressão máxima de amor!

A questão é que queremos amar, mas não queremos perder. Entretanto, o amor sempre implica risco: de não ser retribuído, de não ser reconhecido, risco de passar por ridículo, de ser humilhado… Mas, amor que é amor não mede esforços quando a meta é proporcionar a felicidade do amado. “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O amor de Deus chega a nos constranger, pois não cabe na nossa lógica. Deus se envolve com o humano: Ele olha, move-se de compaixão, aproxima-se, trata-lhe as feridas, cuida (cf Lc 10,33ss). Deus não mede esforços na manifestação do Seu amor por nós. Eis o motivo pelo qual Ele foi além da Cruz, além da razão [afinal, alguém já disse, o amor tem razões que a própria razão desconhece].

Somos alvo de tamanho amor e muitas vezes retemos amor em nós. Não queremos amar, não queremos perdoar. Não ousamos sequer envolver-nos, para depois não sofrer com a saudade.

Pare e pense: a quem eu preciso manifestar esse amor incondicional hoje? Com quem eu preciso recomeçar? O ano está apenas começando, proponha-se a amar sem conjunção adversativa. Dê o seu tudo para que a epifania do amor seja realidade na vida de quem está à sua volta. Quem vai sair ganhando é você que dá o passo na direção do amor e do perdão, pois o ser humano se realiza muito mais no amor que doa que no amor que recebe.

Senhor, vos pedimos: amados assim por Vós, conceda-nos a graça de amar à altura do Vosso amor. Pelo derramamento do Teu Santo Espírito sobre nós, conceda-nos a graça de sermos hoje, povo epifânico, pessoas que manifestam o Teu sublime amor em toda parte. Queremos exalar Teu perfume, Senhor, irradiar a luz do Teu amor incondicional para que ninguém fique sem experimentar o vosso amor. Amém.

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