Sobre tiros, bombas, deuses e religiões

Por Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares, PE

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Os terroristas que assassinaram na França gritavam ao matar: Alah akibah – Deus é grande!
O Deus dessa gente é apenas um deus, um ídolo maldito, simulacro que deforma a verdadeira face de Deus!

O Deus verdadeiro é o Autor e Mantenedor de toda a vida,
o Deus verdadeiro é Vivo e Vivificante!

Nenhuma religião verdadeiramente monoteísta
– que confesse e adore ao Deus único, transcendente, santo, soberano, poderoso, infinito, misericordioso –
pode reduzir o Deus verdadeiro a um idolozinho que se compraz com o derramamento de sangue:
sangue por sangue, morte por morte, violência por violência!

Já deveríamos ter aprendido com a história de nossos erros que nunca se deve matar em nome de Deus – morrer sim, matar nunca!

Quem grita “Deus é grande” deve testemunhar o que já dizia Santo Irineu no século II: “A glória de Deus é o homem vivo!”
Qualquer crente que verdadeiramente tenha uma percepção da santidade e infinitude do Único pode e deve subscrever as comoventes palavras do Livro da Sabedoria:

“Teu grande poder está sempre ao Teu serviço, e quem pode resistir à força do Teu braço? O mundo inteiro está diante de Ti como esse nada na balança,
como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra. Mas Te compadeces de todos, pois tudo podes, fechas os olhos diante dos pecados dos homens,
para que se arrependam.

Sim, Tu amas tudo o que criaste,
não Te aborreces com nada do que fizeste; se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito.
E como poderia subsistir alguma coisa,
se não a tivesses querido?
Como  conservaria sua existência, se não a tivesses chamado?
Mas, a todos poupas, porque são Teus:
Senhor, Amigo da vida!” (Sb 11,21-26)

Na verdade, não foi em Nome de Deus que esses assassinaram! Foi em nome de um fanatismo, de revertidas ideias totalitárias, que sempre matam, sejam em política – como na Coreia do Norte ou Cuba ou Venezuela -, seja em religião – como os fanáticos de quaisquer religiões -, seja em qualquer outro âmbito da existência.

As convicções que cada um tenha – e deva ter -, devem dar-se no limite da convivência respeitosa com os que pensam de modo diverso. Jamais se pode ferir a consciência de alguém, o direito à livre expressão das opiniões e a liberdade de ação, desde que dentro do respeito mútuo numa sociedade que se deseje realmente pluralista e democrática, na qual a pessoa seja o valor central.

A questão é: o Islã está preparado para isto?
A resposta, por enquanto, deveria ser clara, serena, respeitosa e realista: NÃO! O Islã ainda não está pronto para as liberdades democráticas e a liberdade religiosa!

Enquanto o mundo ocidental tiver medo de enxergar e admitir isto claramente, estaremos todos em perigo!

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