As Bem Aventuranças (Mt 5,1-11)
Bem-aventurados os que têm o coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus.
É esse coração de pobre que devemos almejar, já que só despojando-se de tudo é que se pode obter o Reino dos Céus. Só um pobre de coração pode louvar por todas as coisas, pois sabe reconhecer que tudo é dom. A pobreza espiritual sugere a mesma ideia que a infância espiritual, condição necessária para entrar no Reino.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
A esperança desse consolo que Jesus nos promete deve se fazer presente em todas as circunstâncias, em especial, quando passamos por tribulações, momentos que denominamos “tempo de lágrimas”. É preciso ressaltar que somos chamados a ser, para os irmãos que sofrem, esse consolo, sinal da bem-aventurança eterna.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
O manso é aquele que tem um gênio brando, pacífico, dócil. Pode-se dizer até mesmo “domesticado”, domado pela mão de Deus. A mansidão é virtude de um coração obediente, por isso capaz de conquistar a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
A justiça na Sagrada Escritura se assemelha a fazer a vontade de Deus. Por isso José é chamado justo, pois é aquele que faz a vontade divina. Essa bem-aventurança consiste também em uma promessa, pois aqueles que buscam (têm fome e sede) de fazer a vontade de Deus irão cumpri-la (serão saciados).
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Eis a bem-aventurança que contém em si o cerne da nossa vocação: a misericórdia. Ou seja, amor que assume as misérias do coração e da vida do outro, como Cristo, que tomou sobre si as nossas dores, enfermidades, o nosso pecado.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
A pureza, que consiste no domínio de si, é um atributo que nos permite ver a Deus em todas as circunstâncias de nossa vida. Um coração puro é simples, descomplicado, sem as manchas que geralmente nos impedem de contemplar a presença do Cristo que caminha ao nosso lado.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
Ao se despedir de nós, Cristo nos presenteou com o dom da paz. Uma paz que não vem do mundo, pois não é feita de seguranças e estabilidades exteriores, mas sim da reconciliação do Criador com sua criatura, do filho pródigo que abraça o Pai. Devemos semear esta paz, esta reconciliação, posto que, do ventre materno da Virgem foi gerado Aquele que reconciliou em si todas as coisas, Aquele denominado pelo anjo de Filho do Altíssimo. Também por isso, aqueles que semeiam a paz serão chamados filhos de Deus, filhos do Altíssimo, à semelhança do Cristo, Filho de Maria.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Essa bem-aventurança nos ensina que sempre acompanham aquele que quer fazer a vontade de Deus as perseguições, pois a sabedoria de Deus é loucura para o homem, assim como a sabedoria do homem é loucura para Deus. Portanto, nós abraçamos as inevitáveis perseguições por sua decisão de em tudo fazer a Vontade de Deus, cumprir a Sua justiça.
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem, e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
A nossa alegria é fruto desta certeza: quanto mais unido a Cristo, mais o mundo me há de odiar, pois Cristo não é do mundo e, unindo-me a Ele, também não o sou.
Érika Vilela – Anawin
Fundadora da Comunidade Filhos de Maria
Montes Claros – MG