Pentecostes do louvor e Pentecostes da vida

pentecostes_do louvor_e_pentecostes_da_vidaAs vezes procuro imaginar o Espírito Santo e vejo como ele apresenta-se como vento… que vai penetrando as colinas escuras e pedregosas da vida, acendendo uma após a outra mil e mil velas, um vento que perfuma a alma e acende outras velas deixadas a tempo sem serem acesas. Este vento… me fala da luz que acende a voz na escuridão não deixando-a cair quando esta a beira do abismo do calar. Me fala da esperança que ajuda muitos a levantarem-me depois de uma noite de medos que fizeram em pedaços uma vida baseada em incertezas, me fala da cruz que poucos compreendem que ao invés de instrumento de dor, é também razão para abrir o coração ao amor que não olha para sí só.

Interessante como nos perdemos na vivência do essencial do Evangelho, a caridade não é uma teoria nem uma ajuda aos mais necessitados no momento da extrema necessidade. Tem-se inúmeras inciativas de caridade a nível local, regional, nacional e internacional, uma boa parte delas bem conhecidas, divulgadas e marquetizadas pelos meios de comunicação; geralmente são muito ligadas a situações de emergências. São gestos de organizações concretas, bem estruturadas e sempre ativas e com uma mira: ir ao encontro das urgências.

São atividades necessarias presentes na Igreja e nas associações em geral porque a demanda de pedidos de ajuda no mundo inteiro é incontável. Precisa-se de estruturas para socorrer em sua maioria inteiros povos e nações. Gestos maravilhosos.

O ensinamento de São Paulo através do hino à caridade, é também que a caridade nao tem confin, eis a importancia destes atos de caridade coletivos e vindos de todos os cantos. Os voluntários da caridade, eles também não tem confin. Existem grupos missionários, movimentos de pessoas, valores e ideas com seus programas no respeito dos principios evangélicos e da Dotrina Social da Igreja católica. São experiências preciosas, documentadas com imagens e anotações para fazer com que surjam sempre mais voluntários missionários dos pobres, sejam eles leigos ou associações religiosas.

Esses enormes atos de caridade coletivos animados pelas pessoas que se dedicam a este fim, não poderiam substituir as outras dimensões da caridade de que fala São Paulo e que precisamos viver no dia a dia através das pequenas ações como:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá”(1 Cor 13).

Quantas vezes nos pegamos em sermos ativos em grandes ações comunitárias de caridade e damos por inexistentes os atos de caridade do mesmo valor, mas mais voltados para a vivência pessoal que nos leva a sermos verdadeiros “crísticos”, isto é, “verdadeiramente” de Cristo!

Alguém me parou um dia perguntando-me se tinha visto uma outra pessoa com a qual havia marcado uma hora para encontrarem-se, pois estava desesperada com um problema de consciência a ser resolvido e que dependia desta. A esperou para a hora do encontro e aquela pessoa não apareceu senao 2 horas e meia depois pedindo perdão por não ter cumprido com o horário pois havia desviado o caminho e acabou entrando no shopping para comprar um par de sapatos para ir a uma festa a noite. Esquecendo do compromisso, alegou a propria distração. Esta, colocou o conselho evangélico da caridade em uma de suas manifestações do texto biblico em um segundo plano. Mas aquela pessoa que esperava estava desesperada à espera de um conselho e foi trocada por um par de sapatos de uma festa.

Aquele par de sapatos pode ser qualquer outra situação ou ação que nos, não estando conectados com o espirito de Cristo, acabamos correndo atras de grandes açoes de caridade e esquecemos que o samaritano em sua caridade, fez uma pequena ação e por esta foi digno de exemplo, que Jesus tomou como exemplo de amor, diria Madre Teresa de Calcutá, a santa dos mais pobres entre os pobres. Realmente amigos, precisamos estar sempre conectados para fazer de nossa vida um louvor e de nosso louvor uma vida renovada no Espirito Santo.

O Senhor te abençoe e te guarde,

Padre Antonio Lima.