São Francisco de Sales dizia que o coração só fala ao coração.

Em meio à confusão e à vida frenética de todos os dias, vimos solicitados a viver, a pensar e a calcular as nossas horas a partir do que de terreno necessitamos por uma questão de sobrevivência: Se nao trabalhamos, no final do mês não temos o salário para pagar e repor o que faltou durante o mês em nossa casa; se não fazemos de modo que nossos relacionamentos humanos nos nossos ambientes onde frequentamos, sejam o mais parcial possível para não termos compromissos e responsabilidade com a vida dos outros, melhor; se não fazemos silêncio exterior podemos entrar numa fria e ter que nos explicar do que falamos; também porque o que falamos não é sempre compreendido segundo a intenção que pomos na fala; em familia, precisa mortificar sempre para não correr o risco de nos tornamos inimigos de nossos próprios parentes; em meio aos outros precisamos maquiar moralmente, psicologicamente, espiritualmente, para não nos mostrar deselegantes e assim por diante.

Em meio a tudo e muito mais, onde esta minha alma? Onde está o meu proposito que faço diante de Deus para ser bom assim como ele é bom comigo? Onde foi parar a minha autenticidade cristã e minha caridade? Quem fala com o coração realmente, é somente um outro coração que tem a capacidade de ouvir e absolver. Mas como escutar o coração dos outros se o nosso foi plenificado de pensamentos terrenos e de defesa humanos?

Um dia um paroquiano me falou que o padre que fala com a alma, expressa com o sentimento e a fala quem ele é. Nunca mais esqueci essa frase.

Somos humanos demais, e com a desculpa da humanidade, esquecemos que somos também divinos e damos a entender que Deus perdoa tudo mesmo se não nos arrependemos, mesmo se continuamos a errar, por que somos humanos demais! Mas e ai? Quando vou assemelhar-me a Deus se fui ensinado que “mesmo assim Deus perdoa porque somos humanos demais da conta? onde está a importancia da alma se valorizo demais a dimensão do meu ser terreno e carnal?

Paulo contradiz esse pensamento errôneo levando-nos a pensar segundo Deus que nunca aprovará que nos distanciemos de sua amizade por sermos humanos. “Então o que é bom tornou-se causa de morte para mim? De certo que não. Foi o pecado que, para se mostrar realmente pecado, acarretou para mim a morte por meio do que é bom, a fim de que, pelo mandamento, o pecado se fizesse excessivamente pecaminoso” (Rom, 7, 13).

Quando vai falar o meu coração das grandes obras de Deus em mim? É o Espírito Santo de Deus, ele mesmo nos protege das maquinações e das representacoes, porque habita em nós o Espirito da verdade que realmente nos ajuda a falar de coração para coração. Deus abita em nós!

O Senhor te abençoe e te guarde,

Seu irmão, Padre Antonio Lima.

– Escritor e cantor católico, ecumenista, formado em Comunicação.