Entre as passagens evangélicas, o episódio de Emaús faz parte de uma série de narrações de encontros com o ressuscitado.
Um encontro aquele, que tem como função primeira a de propôr uma precisa via de acesso para a experiência pascal. Os relatos das aparições de Jesus, nasceram, aconteceram e deram forma às primeiras pregações sobre a ressurreição de Jesus.
O conteúdo da fé mais primitiva, tornou-se mais acessivel aos cristãos através dos fatos e testemunhos, mesmo se não é facil ter uma idea exata do que aconteceu naquele “primeiro dia da semana”, porque foi uma experiência com o ressuscitado muito pessoal. Durante a viagem, conversavam com Jesus sobre o que tinha acontecido em Jerusalém (Lc 24,15-29). Eles conheciam bem Jesus. Em meio à tristeza Jesus fez a clássica pergunta sobre o que discutiam, aquela tristeza porém, era efeito e prova da desilusão. Eles eram discipulos, tinham acreditado no Mestre e portanto era normal que provassem tristeza, pois tnham afeto, amor pelo Mestre e nunca queremos estar longe das pessoas que gostamos, por isso não queriam que tivesse acontecido tudo aquilo com o Senhor. Ainda mais eles, que tinham vivido com Jesus, escutado suas palavras e ensinamentos!
Jesus entrou na conversa, se oculpou daquilo que era a preocupação dos dois; além deles algumas mulheres diziam de ter encontrado o sepulcro vazio e de ter visto alguns anjos que tinham dado certeza que ele estava vivo. Chegando em Emaús, pediram para que comesse junto com eles (Lc 24,15), e já em casa, durante a refeição (Lc 24,30-32), reconheceram o Senhor ao partir do pão mas logo o Senhor desapareceu e eles: Não ardia o peito?… Vamos ler como aconteceu?
“Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes? Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias? Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré… Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram. Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram… mas ele desapareceu. Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,13-32).
Continuemos a reflexão: A Eucaristia é eternamente o lugar onde podemos ter essa mesma experiência de reconhecer Jesus, de escutar, de sentir-nos convidados, de saber que ele esta alí, perto; os discipulos que fizeram aquele caminho com o Senhor encontraram-se diante da surpresa da presença do Senhor, e poderam com ele partir do pão abençoado.
Temos hoje a necessidade também, de aprender a não participar de qualquer modo, dessa experiência com o Senhor através da Santa comunhão; é o mesmo Senhor que quer que o reconheçamos, que façamos-lhe companhia, que conversemos com ele. A nós, não banalizarmos aquele momento tão sublime, tão completo, tão divino, tão real!
E aproveitar daquela oportunidade para estarmos “somente com ele”. E que oportunidade meus amigos!
Muitos seguem aquela mesma fila, muitos recebem Jesus, muitos no mundo inteiro o fazem até por uma espécie de indireta superstição, quer dizer: “para se sentirem bem”, ou porque um dia “fizeram a primeira comunhão…”
E dai, se sentem áptos, muitos ainda de longa data, anos, da última vez que receberam o sacramento da confissão.
Mas o Senhor ressuscitado oferece a cada dia, uma ocasião para recomeçar, para viver aquela presença, para reconstruir aquele momento, reconhece-lo e fazer-nos abrir os olhos, arder o coração, como aos dois discipulos durante o gesto de partir o pão com eles. Faça-o acontecer em sua vida.
O Senhor te abençoe e te guarde,
Seu irmão, Padre Antonio Lima.