A vida de Maria foi assim tão silenciosa mas demostrou com sua vida aquela atitude típica da obediência biblica à vontade de Deus; sua presença silenciosa não fez senão abrir sempre mais o caminho que leva até Jesus: Maria nos leva a Jesus, dizia Paulo VI em uma homilia no Santuário de Lourdes na França.
Em contraposição ao modo de pensar moderno e independente, onde falar, é mais valorizado do que calar:
Hoje, Nossa Senhora não estaria dentro desses parametros mas o que lhe importaria? não fez questão nem quando vivia aqui na terra com Jesus!
Quem fala hoje manifesta a própria capacidade enquanto quem cala demostra a própria impotência o a própria submissão. O valor da palavra com relação ao silêncio, neste modo moderno pseudo positivo de conceber o barulho das palavras. Para o filósofo Hegel, o fim do nosso caminho deveria ser uma síntese de todos os discursos impossíveis, e o nosso Deus é aquele que tem a chave do sentido do falar.
De um lado é à palavra que precisamos mirar, por outro o silêncio. O silêncio, então, não significa a ausência da palavra ou de outra coisa, principalmente de vocábulos, mas a realização de si, a realização de uma perfeita interioridade. Infelizmente o modo de pensar moderno e até mesmo religioso esqueceu esse detalhe importante e usa a palavra como defesa e como jeito de conseguir um “status”, pela ignorancia da sabedoria da história, em contraposição ao barulho silencioso de Maria e de muitos santos como Francisco de Asssis e Clara. O silêncio tem muito a ver com a virtude da discreção e da caridade.
O Silêncio de Maria vem interpretado indiretamente em modo negativo por muitos mas pode ser compreendido em um outro modo também positivo, por exemplo pra preservar a própria intimidade com Deus e não perder-se ou desconcentrar-se do próprio objetivo.
O silêncio que acompanha os lábios que se tocam um ao outro não é necessariamente negativo mas pode ser o contrário, um lugar privilegiado onde buscar sabedoria. O perigo da palavra dita, não seguida da reflexão, da oração ou do fruto do saber da história, revela o valor ou o desvalor da própria palavra dita e usada como defesa e auto afirmação; na maioria das vezes usa-se a arrogância que não condiz com o silêncio sábio de uma mãe.
Aprender a refletir usando o diálogo silencioso dos lábios que se tocam e não “falam”, é necessário para estar sempre presente em si e assim viver a relação com o próximo, sem perder o essencial de que fala Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
A caridade de Maria a levava a viver no silêncio, essa é uma dimensão divina da vida também terrena, à qual é chamado quem se declara de Cristo, do contrário, arrisca o perder-se de um modo geral e não somente espiritual. Não esforçar-se em valorizar o barulho do silêncio tras também a consequência do não saber relacionar-se com os outros preferindo a indiscreção e a prepotência das palavras, coisa que poucos param pra pensar e muitos nem chegam a descobrir, mergulhados no “moderno” e no valor do “mostrar-se”.
Que a Virgem Maria em seu eterno silêncio que fala nos ajude a descobrir o valor da caridade silenciosa, pela qual fez dela a Mãe do Filho de Deus.
O Senhor te abencoe e te guarde,
Seu irmão, Padre Antonio Lima.