“Vem Espirito Santo, enchei os corações de vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor, enviai o vosso espirito e tudo sera criado e renovareis a face da Terra. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo este mesmo Espírito e gozemos sempre de Sua consolação. Por Cristo, Senhor Nosso”. Amém.
A importância que se dá à música e aos instrumentos musicais na Igreja não è recente e não podemos esquecer que ela não é nem mesmo um fator de moda dos últimos tempos, a música sacra e religiosa na história nascem com o único objetivo: O louvor a Deus e não foi executada sempre em assembleas litúrgicas. Somente por um curto período de tempo ela foi exclusivamente presente durante as ações comunitárias oficiais para expressar o louvor e a adoração a Deus ao interno de ações litúrgicas, como também seu estilo, melodias, ritmos e arranjamentos. A beleza da música está no centro da atenção de povos e culturas, justamente porque é expressão de harmonia, de beleza, de perfeição e de arte, ela evolui na história e sua criatividade é infinita, suas execuções foram sempre inovadas. Os artistas músicos e cantores ao criarem suas artes musicais ou ao executa-las, através da veia artística, fazem sempre suas interpretações seguindo o percurso da história.
A música em geral na história do ocidente, coincide antes de tudo com a música crista; no cristianismo, a música que è parte grande de sua expressão encontra suas raizes profundas no Antigo Testamento. Na Bíblia abundam as referências musicais, mesmo se faltam muitissimos dados de melodias e de técnicas de execução. O povo hebreu conhecia os cantos e os instrumentos e atribuia à música a origens antigas, colocando suas origens até mesmo à epoca do Genesis: O pai de todos os tocadores de cítara e de flauta é Jubal, personagem de antes do dilúvio e filho de Caim. (Gen 4,21).
Nesse contexto geral notamos que a igreja vive de louvor, desde sempre, o louvor foi presente em suas expressões rituais litúrgicas e paralitúrgicas porque é parte de sì, de fato, o que é a Igreja senão a comunidade daqueles que se reunem para a celebração o louvor e a adoração a Deus? Nestas assembleas a música sempre foi presente desde o Antigo Testamento como dizemos. A comunidade daqueles que se reuniam e sentiam-se povo de Deus, celebravam e louvavam o Deus verdadeiros entre cânticos e salmos, certos de que a fidelidade a Deus os levava à viver uma vida sem atropelos. Sem esquecer o fator cultural, não era fácil a vida de quem professava publicamente a própria adesão ao Deus verdadeiro, os deuses do Antigo Testamento e os reis e demais autoridades representavam culturalmente a boca humana de Deus, os portanto atropelos não faltavam como as perseguições sem peso nem medida. Essa importância do louvor sempre mais perfeito não isenta da busca de um elemento musical que não seja somente “técnica”, “ritualismo” e esecução artificial (cantar por cantar, tocar por tocar) em geral. A esse propósito, aconselho a leitura do capitulo 4 do Evangelho de João (Jo 4, 21-24ss).
A musica liturgica e religiosa precisa tocar a alma e provocar o louvor, sem essa chave fica dificil identificar o musico como servo do Senhor e perceber a diferença daqueles que nao sao musicos servos do Senhor. Precisa tocar a alma: Muitas músicas modernas que são reconhecidas como “música sacra” e portanto “liturgica”, em observações que fazem, relatos pessoais e opiniões das proprias assembleas litúrgicas dominicais, a música nem sempre chegam à alma. Aqui o trabalho espiritual dos autores e cantores reconhecidos, que não podem limitar-se ou confiar somente no que é fruto de suas habilidades humanas, fruto de estudo e de tecnicas. A alma da música encontra-se na alma do autor e naquela de quem a executa. Aqui está em duas palavras, a meu ver, o quanto seja importante um background espiritual para que ela seja criada e como diz-se em nossos ambientes carismáticos, “ungida”; fazer música, compor música, todo músico faz e me pergunto: onde esta a diferença?
Foi com a riqueza de criações musicais sejam elas sacra ou religiosa, que nasceu a grande reforma gregoriana. Papa Leao IV (847 – 855), foi o primeiro a consagrar o canto gregoriano como música sacra oficial da Igreja, oficializando o trabalho de organização dos cantos litúrgicos, elaborado por S. Gregório Magno (590 – 604).
E o Papa Pio X em 1903 no seu “motu proprio” sobre a liturgia intitulado, “Entre as concessoes”, nele a música sacra é parte integrante da solene liturgia, tem a finalidade única que è a glória de Deus e a santificação e edificação dos fieis. Ela concorre ao crescimento, à beleza e ao esplendor das cerimonias eclesiásticas, e se como seu ofício principal é de revestir con melodia o texto litúrgico que vem proposto à inteligência dos fieis, assim o seu próprio fim é de acrescentar maior eficácia ao Texto em si, para que os fieis com tal meio sejam mais facilmente convidados à devoção e a uma melhor disposição para acolher os frutos da graça, que são próprios da celebração dos sagrados mistérios.
Vemos nestas palavras do Papa Pio X, o que significa música de Deus, a importãncia dos textos, o convite à devoção e a uma disposição para a graça. Onde colher esses objetivos senão nao oração? na coerência da música que se cria mas junto ao próprio testemunho cristão. A pergunta seria: eu canto o que vivo? como? o texto da minha canção corresponde à minha busca real de Deus? ou faz parte exclusivamente de um ritualismo sem sentido? Se pensarmos bem nas diferenças, existem poesias belissimas na historia da literatura, poesias que levam a pensar em Deus, tocam os corações, mas esses textos poéticos históricos ou modernos, que podem surtir efeitos similares são bem conhecidos. Muita dessa literatura “religiosa” é feita também por ateus e nao é facil descobrir, é so ir às bancas de jornais e em livrarias que eles estão lá à venda.
Padre Antonio Lima.