Comecemos a nos preparar para a grande Festa de Pentecostes.
“Somos Simples servos: fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 10). No dia de Pentecostes o Papa Bento XVI recordava que o Pentecostes, além de marcar a conclusão do tempo da Páscoa, constitui “o ‘batismo’ da Igreja, batismo no Espírito Santo. É necessário que entendamos que o Espírito Santo que recebemos no dia do nosso batismo necessita sempre ser renovado para que possamos sempre viver das coisas do alto, afinal, muitas pessoas foram batizadas no espírito, mas não vivem as coisas de Deus”. Em várias passagens bíblicas Deus nos orienta a deixarmos as coisas terrenas e buscar diariamente a nossa conversão.
Façamos todos nós cristãos, um esforço para entrarmos nesta sintonia e harmonia, peçamos em nossas orações quotidianas ao Espírito Santo para que possamos viver naquele dia, um dia de alegria espiritual, preparando-o com nossas atitudes e declarações de amor por Deus, pela oração, por um maior esforço de amor aos irmãos, de compreensão, de gentileza, de calma, de paz interior e exterior, de abandono de nossa vida e situações nas mãos de Deus. Tudo o que pensarmos de bom e de bem em nossos momentos de solidão com Deus (se os temos ou vamos procurar ter nestes dias), coloquemos em prática com simplicidade. A humildade é muito importante nos minutos que rezamos. Busquemos a humildade em Deus, não uma falsa humildade mas uma verdadeira maneira de sermos bons. Assim faremos um pouco, para nos preparar para esta grande Festa.
Escreve o Padre Robert De Grandis que “…se recebe na invocação ao Espírito Santo de Deus, um autêntico toque interior de Deus, onde se beneficia sempre de uma graça de consolação ou cura. A intensidade deste toque pode variar desde a simples sensação de paz e de alegria (que geralmente é benéfica) até o contato profundo. Sem entrar no assunto sobre os fenômenos místicos de “alto grau” como arrebatamentos e estases, existe um tipo de graça particular e difundida, comumente chamada de “repouso no Espírito”, que consiste no abandono à Potência do Espirito Santo priva momentaneamente das forças físicas quem a experimente e age no interior. Este abandono ao amor de Deus poderia ser superficialmente interpretado como um fenômeno que esmorece o lado humano porque é em contraste com os modos comuns do operar de Deus. (Il Riposo nello Spirito”, Padre Robert De Grandis, Edizioni San Michele).
Em seus escritos, Santa Teresa D’Avila, descreve muito detalhadamente os vários graus de união mística da alma com Deus e as manifestações a estes relacionados. Parece que o fenômeno do repouso no Espirito Santo possa ser parecido com o que ela classifica como “sono das potências”. Por potências entendemos o modo e a operação, o intelécto, a vontade, a memória… e a este propósito ela escreve:
“Me parece que este modo de oração seja uma união clara de toda a alma com Deus, durante a qual parece que o Senhor queira permitir às potências de entender e alegrar-se quando ele vai operando. (…) Se tem como uma espécie de sono das potências, as quais, mesmo sem perder totalmente os sentidos, não conseguem entender como agem. O prazer, a suavidade, as delícias que se experimentam aqui são incomparáveis e maiores que no passado, porque aqui a água da graça chega até a garganta, de modo que a alma não pode, nem sabe como ir adiante na oração, nem poder voltar atras, somente desejando aquela alegria. Mesmo percebendo que era muito mais íntima da precedente, eu entendia que não era uma união plena de todas as potências, e confesso que não conseguia discernir nem compreender onde estivesse a diferença. Me encontrei muitas vezes fora de mim e quase bêbada do amor de Deus, mas não havia entendido como isso acontecesse. Entendia que era uma ação de Deus, mas nunca entendi como ele fisesse, porque mesmo unidas, as potencias, ficavam sem poderem mexer-se quase totalmente. Elas não podem nesse momento que ocupar-se de Deus. Parece que nenhuma delas reagem e nem podemos faze-las reagir a não ser que queiramos nos distrair daquele momento. Todavia, precisaria de muita força, mesmo assim, não se consegue totalmente”. (Teresa di Gesù s., Libro della Vita, cap. 16, 1-3).
O Senhor te abençoe e te guarde,
Seu irmão, Padre Antonio Lima.