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A importância das Brincadeiras
Brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.
A brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.
Nos dias atuais, com as moradias cada vez mais apertadas e os adultos envolvidos em seus afazeres, as crianças de classe média não têm um lugar para brincar e não devem atrapalhar o andamento do lar com seus brinquedos.
Não dá para isolar o comportamento lúdico da criança. Ela brinca quando é para brincar e quando os adultos entendem que ela não deveria brincar.
A ludicidade está sendo estudada como um processo de suma importância no desenvolvimento humano.
Na opinião de SANTOS (2000, p. 18), tanto PIAGET, como WALLON, VTGOTSKY e outros, atribuíram ao brincar da criança um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano, como maturação e aprendizagem, embora com enfoques diferentes. Dois aspectos sobressaem no estudo dos jogos: sua estrutura e o seu conteúdo.
Quanto à estrutura, nem toda atividade da criança pode ser considerada jogo, pois para que ela se configure como tal, deve pressupor uma representação simbólica. E essa representação pressupõe o estabelecimento de regras que a criança se impõe para representar os personagens que ela incorpora.
Outras atividades sem o componente simbólico são simples exercícios, próprios não só da criança, mas de toda pessoa no decorrer de sua existência.
A motivação característica dos exercícios é o simples prazer funcional. E suas finalidades, para a criança, são, entre outras:
Servir como reforço às habilidades já adquiridas;
Imitar aquilo que o outro realiza;
Testar suas habilidades ou adquirir novas;
Atrair os outros para a atividade que realiza.
As atividades da criança estão diretamente relacionadas com a afirmação do seu “eu” e, sendo assim, essa atividade é tão importante em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.
Quanto ao conteúdo, podemos dizer que ele traduz os padrões dominantes no meio ao qual estamos inseridos, embora a essa altura do processo de telecomunicações, haja influências de outras culturas chegando com facilidade e rapidez até nós.
Entretanto, o conteúdo do jogo diz muito da motivação intrínseca da criança, seja para resolver conflitos, como pensam muitos psicanalistas, seja para construir um conhecimento que é absorvido pela ação de representar.
Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer.
CUNHA (2001, p. 14) constata que atualmente as crianças não têm um pátio para brincar. Superfamiliarizadas com videogames, televisão e computador, não conhecem o prazer de criar brinquedos com caixinhas e latas, botões e madeirinhas. Nem mesmo jogos de montar.
Esses brinquedos oportunizam e favorecem a brincadeira livre e a fantasia. A criança coloca no objeto com que está brincando o significado que ela deseja no momento. Enfim, na pressa do dia-a-dia, os pais e professores tentam simplificar suas rotinas e tarefas, oferecem brinquedos já prontos e que não requeiram montagem, pois não fazem sujeira, nada que precise limpar, arrumar.
Sendo assim, a criança desenvolve-se num meio distante do lúdico, são tratadas como adultos em miniaturas onde o que é mais importante é estudar, aprender, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, estimular as inteligências, visando aos objetivos alheios aos seus interesses.
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo.
É possível superar os problemas existentes e oferecer melhores condições de desenvolvimento às crianças, ampliando e valorizando o espaço e as oportunidades de brincadeira.
Bibliografia:
COUTINHO, Sílvia Maria G. & COSTA JR., Áderson. Brincando e aprendendo. Revista Leia, 2002, p. 1- 4.
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca, um mergulho no brincar. 3ª. ed. Vetor, S. Paulo, Brasil, 2001.
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org)- Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Vozes, 2ª. Ed. RJ, 2000.
WAJSKOP, Gisela. O que é brincadeira. – Entrevista com Gilles Brougére. Revista Criança, MEC, Secretaria de Educação Fundamental, nov., 1998, p. 3-9.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Imago, R, 1975.
Ângela Cristina Munhoz Maluf – Especialista em Psicopedagogia, Educação Infantil e Especial. É autora do livro: BRINCAR PRAZER E APRENDIZADO-Vozes, 2ª E. RJ, 2003.