A Ternura dos avós

A ternura e cuidado dos avós

Todo ano, quando chega o Dia dos Avós, sempre recebo bilhetinhos dos netos, desenhos, fotos… Fico com o coração amolecido. Como gosto de ser avó!

Eu não conheci os meus avós paternos, e nem a minha avó materna. Só o meu avô materno, Sebastião, homem severo e de poucas palavras, mas profundamente religioso, que se levantava cedo para rezar e ler a Bíblia. Ele morou muitos anos conosco, e a gente tinha um respeito por ele, lembro dos seus óculos, do seu chapéu, das suas roupinhas, do seu trabalho que ele insistia em ter, apesar das pernas um tanto vacilantes por causa de um problema de saúde que ele tinha. Fora as pernas, ele não apresentava nenhuma outra enfermidade, e sua morte foi causada por um atropelamento na Via Dutra. Quis atravessar a pista, e foi colhido por um automóvel. Só o encontramos depois de um dia inteiro de busca, já levado ao necrotério. Tadinho do meu vovô!

Quando nasceram os meus três filhos, foi a minha vez de observar os meus pais sendo avós: meu pai gostava de contar histórias para as crianças, mas ele também partiu cedo, e os meus filhos se lembram pouco dele. Quanto à minha mãe, ela era avó e mãe, pois ficava com os meus meninos enquanto eu trabalhava e fazia faculdade. Era educação à moda antiga, com castigos, broncas e algumas surras que os moleques levavam por conta das travessuras de meninos criados soltos, junto com outros moleques, mais a cachorra vira-latas Laika, que os acompanhava sempre. Eram outros tempos, outros jeitos de educar que meus filhos, hoje também pais, se recordam dando gargalhadas. Nunca percebi neles qualquer mágoa, e quando falam da avó, repetem as falas que só ela tinha, e o jeito meio estabanado de fazer as coisas.

Chegou a minha vez de ser avó. E, como disse na primeira frase deste texto, eu sou apaixonada por minhas crianças. Tenho netos de várias idades, de 2 a 25 anos. Consegui acompanhar de perto o crescimento de vários deles. Lembro da minha neta mais velha, que quando ia ao pediatra, dizia que gostava de brincar no “pitador da minha vó”. O pediatra respondia que ela tinha uma avó avançada, com computador em casa lá pelos idos de 1995. Depois veio um menino, lindo, falante, inteligente… que aprendeu a ler por si mesmo, estimulado pelas sílabas que o ensinávamos a juntar.

Dia desses minha neta de oito anos chegou com um desenho, feito com canetinha hidrocor, todo colorido, em que estávamos representadas eu e ela. Dentro da meia página dobrada, o agradecimento por sempre fazer para ela arroz com ervilhas frescas. Qual o poder de um carinho despretensioso sobre o coraçãozinho de uma criança? Como ela vai guardar na lembrança aqueles dias em que eu espalhava os meus retalhos de tecido no chão e ela escolhia os que queria para eu costurar vestidos para as suas bonecas? Eu ficava assustada com tanta boneca pelada que ela trazia…

Meu netinho caçulinha gosta de motos, e a vovó aqui resolveu mostrar vídeos de corridas de motos, com trilhas na lama, no pó, entre as pedras, rampas… agora eu tenho que, toda vez que ele vem em casa, buscar na TV esses vídeos, e gritar com ele: vai, moto vermelha! Vai, moto amarela! Vai, moto azul! E vigiar para ele não empinar nem tentar subir no sofá com a sua moto de plástico. São momentos preciosos, que eu quis nestas breves linhas registrar.

Agradeço a Deus pelos meus netos, que são a minha descendência nesta terra. E pelo amor que lhes tenho e deles recebo, lembrando que devo também deixar para cada um uma referência de fé e de vida em Deus. Esta é a principal mensagem que quero gravar nos seus corações.

Que Deus me ajude!

Maria Helena

Missionária Comunidade Canção Nova