Conosco está o Senhor

Deus luta conosco

Todo ser humano pode ser diferente. Diferenças biológicas, emocionais, sociais; distinções no modo de ser, de pensar, de reagir. Mas nenhuma alma, crente ou não, escapa às batalhas próprias que o simples fato de existir faz com que vivamos. Foi assim desde os inícios, será assim até o fim da nossa existência sobre a face da Terra. Num mundo envolvido por incertezas, dúvidas e inquietações podemos – e devemos – buscar inspirações que nos apresentem uma via eficaz de como viver nossas lutas. Como cristãos não há alternativa capaz de suprimir a sabedoria que brota da Palavra de Deus.
Hoje partilho com você um pouco da experiência que fiz no estudo da Palavra, lendo e rezando com 2 Crônicas 32. Neste capítulo a Sagrada Escritura narra a ameaça da invasão de Senaquerib, rei da Assíria contra o povo de Deus. Seu exército numeroso, sua força descomunal e seu orgulho seriam armas das quais Jerusalém não poderia escapar. Mas o rei de Judá, Ezequias, soube como agir. E sua primeira decisão foi talvez a mais constrangedora: reconhecer que cairia nas mãos do inimigo se permanecesse vulnerável como estava. As muralhas da cidade estavam em ruína; não havia um muro exterior que os protegesse, nem armas suficientes para o combate. Por isso, fez o que lhe cabia.
Também em nossas vidas, no combate que cada um vive, há uma parte de responsabilidade intransferível; há um reconhecimento das próprias fraquezas da alma que ninguém, a não ser cada um de forma pessoal, pode assumir por outra pessoa. Claro, que no trabalho de reconstrução, de reforma interior da alma, podemos contar com a ajuda de outros, da mesma forma como o rei teve em Jerusalém. Afinal, aprendemos do padre Jonas que ninguém é bom sozinho! Porém, sem que haja no coração de cada homem o empenho e o desejo de se revestir de um novo caráter, que Efésios chama de ‘novo homem’, cada investida nossa estará destinada ao fracasso.
Não tenho ideia das lutas, da gravidade de cada uma delas, ou sequer das forças que se levantam contra você que lê agora essa partilha. O que posso dizer sem dúvidas, pela fé, é que é preciso você tomar a atitude, deixando Deus agir na sua razão, na sua emoção, na sua alma, e por as mãos à obra. Mas preciso alertar você: o sucesso nas batalhas não está nas coisas que você realiza, nos sacrifícios, nas ofertas ou na qualidade da ascese da sua alma. É quando Deus age – e para isso Ele quer a sua livre permissão – que experimentamos o que está escrito nos versículos 7 e 8: “há mais força do nosso lado do que do lado dele. Com ele, está apenas a força humana; conosco está o Senhor, nosso Deus, para nos auxiliar e combater ao nosso lado”. Os seus ‘inimigos’ não são mais poderosos do que a força de ressurreição que flui da Trindade para nossa salvação. “Sede valentes e corajosos. Não temais, nem tenhais medo” (2 Cr 32,7).
Mas como encontrar a força de Deus? Não há outra porta que se abra à graça de Deus senão a da oração. Ezequias tinha consciência disso. Diante das ameaças da vida recorria ao Deus que é fiel às promessas de salvação; implorava o “auxílio do céu a este respeito” (v.20). Mesmo em suas fraquezas e misérias, mesmo quando seu coração, perdido em orgulho, muitas vezes não “correspondeu ao benefício recebido do Senhor”, o rei não esquecia: existe um Deus à distância de uma prece esperando pelo meu retorno!
Então, meu irmão, minha irmã, nestes tempos difíceis que atravessamos, nas lutas diárias que travamos fora e dentro de nós, sigamos o exemplo de Ezequias, que “não procurou senão a vontade de Deus, pondo na sua ação todo o seu coração e foi bem sucedido” (2 Cr 31,21). Reconheçamos as ruínas de nossas ‘muralhas’, desgastadas pelo tempo, pelas mágoas, pelos pecados, pelas decisões equivocadas que tomamos; empenhemo-nos em fazer o que nos cabe, nos cercando de Deus em nossas vidas, pela oração; crendo, sem medo, que apesar da força que podemos sentir contra nós, maior é a graça de quem deu a vida por nossa redenção e continua vivo, agindo, silenciosamente ou não, no coração da humanidade. E se seu coração se ferir pelo orgulho ou por qualquer outra arma espiritual contrária, não se esqueça: Ele espera seu retorno!

George Facundo

Missionário Comunidade Canção Nova