Dai-nos a bênção, ó Mãe querida!

Viva Nossa Senhora Aparecida!!!

Quando éramos crianças, ficávamos encantados quando nossos pais nos diziam que haveria romaria para Aparecida do Norte, e aquela era uma aventura para ser vivida intensamente. Primeiro, porque não vínhamos de ônibus, nem de carro, mas de caminhão! Eram improvisados bancos na carroceria, sei lá como eram presas aquelas tábuas onde a gente se sentava! Claro que isso faz muito, muito tempo… O Santuário Nacional ainda estava nos inícios da construção, e a gente gostava mesmo era de subir o morro para ir na chamada “Basílica Velha”, ela era a nossa referência de então. Em frente dela tirávamos as fotos em preto e branco, a família reunida. Depois arranjávamos um lugar para sentar e comer a comida trazida de casa, arroz, macarrão, frango com farofa… era o evento do ano para nós!

Daqui de onde moro, o lindo Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida fica a 83km, dá pra ir num pulinho. Hoje, a imponente “Casa da Mãe”, com sua grandiosa arquitetura, vitrais, cúpulas, e afrescos cheios de significados atrai peregrinos de todos os cantos, ansiosos por passar em frente da pequenina imagem envolta num manto azul, no seu nicho dourado. São lágrimas, sorrisos, súplicas, fotos, muitas fotos…

Quando aquela negra imagem surgiu das águas, primeiro o corpinho, depois a cabeça, a circunstância era a necessidade de pescar algo nas águas do Rio Paraíba do Sul, em plena escassez de peixes, e a isso se dedicaram os três pescadores esforçados. Dizem que uma autoridade importante estava de passagem por aquelas terras, e deveria ser honrado com um banquete. Contudo, por mais esforçados que fossem, a exemplo da pescaria narrada nos Evangelhos, a rede voltava vazia. Então, nossa Mãe do Céu veio em socorro da aflição do povo simples daquela terra de Guaratinguetá, hoje município de Aparecida, nome dado à localidade em decorrência do acontecido. Certo é que a Mãe de Jesus tem vindo continuamente do céu para ser sinal de presença materna para os seus filhos, e tem escolhido pessoas, lugares e circunstâncias que denotam a intervenção amorosa de Deus através Dela. Quem se dedica a pesquisar perceberá, nas aparições ao redor do mundo, desde os primórdios da Igreja, a presença da Mãe que providencialmente se manifesta para socorrer e orientar Seus filhos, não se detendo em Si mesma, mas apontando o Seu Divino Jesus.

Assim é que, desde 1717, aquela pequena imagem surgida das águas tem atraído a devoção de milhares de brasileiros, que não medem esforços para estar diante da Mãe em Sua casa de Aparecida. Há os que chegam a caminhar dezenas, centenas de quilômetros para chegar até lá. E que emoção, traduzida em fotos, quando a cúpula do Santuário se deixa enxergar! O que faz com que enfrentem tão dura e extenuante viagem, a não ser a necessidade de uma graça ou o agradecimento pela que alcançou? É que a Mãe Aparecida nunca se fez de rogada: desde que foi achada, presenteou os seus filhos com portentosos milagres: as velas que se acenderam mesmo durante um vento, a libertação do escravo fugido Zacarias, a conversão do cavaleiro ateu que queria entrar montado em seu cavalo dentro da igreja, a cura da menina cega, o salvamento do garoto que caiu no rio, o caçador que se viu salvo da onça. Estes estão documentados na história, mas na Sala dos Milagres é possível ver todos os objetos de ex-votos (assim chamados porque a expressão deriva da palavra “ex-voto suscepto”, ou seja, voto alcançado). Lá estão histórias de fé, de confiança na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, e não se resumem a cabeças, pernas ou braços de cera, mas a variadíssimos objetos significativos para quem alcançou uma graça. Objetos levados por pessoas simples e por pessoas importantes: artistas, jogadores de futebol, atletas, enfim, por todos os que quiseram deixar ali a prova da resposta amorosa da Mãe ao pedido de um filho.

Por que nós, católicos, somos naturalmente atraídos por Nossa Senhora? Assim como a devoção a Nossa Senhora de Fátima em Portugal, a Nossa Senhora de Lourdes na França, a Nossa Senhora de Guadalupe no México, a Nossa Senhora Rainha da Paz, na Bósnia, o carinho do povo brasileiro por Nossa Senhora Aparecida é fruto, creio eu, da Providência Divina que, em todo lugar e em todo tempo, quer nos salvar pelas mãos maternas da Santíssima Virgem. Para nós, Ela é Mãe de Jesus, que é Deus, então Ela é Mãe de Deus e nossa também. Assim, nós que cremos na encarnação do Verbo cremos, também, no mistério da Mãe de Deus. Este vínculo que liga Nossa Senhora ao Seu Filho nos leva a abarcar, na fé, a presença de Maria no mistério da Salvação: Ela, que cooperou na Encarnação, não cooperaria também na Redenção que Jesus alcançou para nós todos, que somos filhos espirituais da Sua Mãe? Ela é a Porta do Céu por onde Jesus entrou no mundo, e por onde nós poderemos entrar no Céu.

Talvez se possa argumentar que nosso povo simples e devoto desconhece a Teologia Mariana e se apega ferrenhamente a Nossa Senhora Aparecida como sendo sua única tábua de salvação. No entanto, por estar atenta ao sofrimento de seus filhos, a Virgem, como Rainha dos Anjos, Rainha do Santo Rosário, Rainha da Paz e com tantos outros nomes, vai pedagogicamente conduzindo a cada um pela mão em direção à Verdade, ao Caminho e à Vida, que é Jesus. Esse amor pela pequenina imagem azul, entronizada em tantos lares e em tantas paróquias pelo nosso vasto país, atrai o olhar e o coração daqueles que buscam o consolo, a alegria, a cura, a libertação, a salvação. O coração simples e pobre sabe de onde vem o seu socorro: vem das mãos maternas da Senhora Aparecida, a santinha dos brasileiros.

Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida!

Maria Helena

Comunidade Canção Nova