A idolatria inimiga da verdadeira adoração


O homem orante, que respira o sagrado e vê na historia a presença manifestada de Deus, oferece o próprio culto exclusivo ao Senhor. Mas desde as origens da historia da salvação ídolos e deuses (paganismo teórico e pratico) têm atentado a verdadeira adoração, a exclusiva pratica do voltar-se ao único Senhor. “Escuta Israel: o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é um só… Não seguiras outros deuses…” (Dt 6,4.14a).

É este o inicio da oração mais cara à piedade judaica: o sh´ma Israel. Nela está a essência da lei fruto do amor, da adoração exclusiva a um Deus ciumento que cada israelita ainda professa e transmite.

Com a morte e ressurreição de Jesus, o sh´ma Israel transforma-se em profissão de fé cristã inaugurada por Pedro no dia de Pentecostes: “Saiba com certeza toda a casa de Israel que Deus, constituiu Senhor e Cristo este Jesus que vós crucificastes” (At 2,36).

Com estas palavras, o Cristo transforma-se o termo de adoração, o Filho do Homem diante do qual os seus discípulos se prostram.

Toda a vida do crente é contida entre adoração e idolatria. Em cada época – e a nossa não é diferente – o culto ao único Deus, que em Jesus é plenamente e definitivamente revelado, sempre foi atacado pelo sincretismo ou pela falsa pratica religiosa (mágicas).

O Papa João Paulo II, na sua mensagem aos jovens na XX Jornada Mundial da Juventude, sobre o tema “Viemos para adorá-lo” (Mt 2,2), nos deixou um comentário para não esquecer. É um juízo claro sobre o nosso tempo, referido aos jovens porque se tornam como os mágicos, os adoradores do terceiro milênio. Um pensamento que também ao menos jovem se inserem na confusão de idéias e princípios do tempo corrente:

“Sejam adoradores do único Deus, reconhecendo-lhe o primeiro lugar na vossa existência. A idolatria é tentação constante do homem. Infelizmente existe gente que busca a solução dos problemas em praticas religiosas incompatíveis com a fé cristã. É forte o impulso em crer nas facilidades míticas do sucesso e do poder; é perigoso aderir a concessão evanescente do sagrado que apresentamos a Deus sob a forma de energia cósmica, ou em outras maneiras não concordantes com a doutrina católica. Jovens, não creiam em falsidades ilusórias e modos efêmeros que deixam não de pouco um trágico vazamento espiritual! Renunciem as seduções do dinheiro, do consumismo e da violência que exercitam as vezes os mass-media. A adoração do verdadeiro Deus constitui um autentico ato de resistência contra cada forma de idolatria. Adorar Cristo: Ele é a Rocha sobre qual construir o vosso futuro e um mundo mais justo e solidário” (Mensagem aos jovens, n5; 6 agosto de 2004).

Uma significativa narração desta continua tensão, a qual claramente fez referimento João Paulo II, encontramo-la, entre muitas, no livro do Profeta Daniel. Ele não se prostrou diante da vontade do Rei Dario que combinava a morte (cova dos leões) a quantos tivessem “feito suplicas alguma a qualquer deus o homem fora do rei” (Dn 6,8).

Daniel, de fato, não desmediu de “três vezes ao dia, colocar-se de joelhos e orar e louvar a Deus” (Dn 6,11). Com a sua perseverança encontrou graça junto a Deus. Escapou a morte e trouxe a conversão ao rei Dario e os povos do seu reino.

Será Jesus mesmo tentado por Satanás no deserto, a defender definitivamente cada pretensa forma de adoração que não tenha por objeto o Senhor: “Só ao Senhor teu Deus te prostrará, a Ele só adorará” (Lc 4,8b).

Uma lição que andaria reafirmada com força no tempo hodierno, sempre mais tolerante das praticas de fé adversa a Cristo e irreverentes aos discípulos de Jesus. Uma lição realmente urgente se, consideramos os efeitos produzidos de certas tendências ideológicas. Entre estas, um certo ecologismo panteísta, que vê nos elementos da natureza o objeto da adoração do homem, como se fossem eles a realidade do divino, antes que são um simples reflexo.

João Paulo II pôs a Igreja toda diante do perigo de: “Crer no fascínio de substituição da fé, acolhendo propostas religiosas alternativas e atrasando perfino as formas extravagantes da superstição” (Carta Apostólica Nov millennio ineunte, n.34).

Padre Anderson Marçal
Comunidade Canção Nova