Os ensinamentos de São José

 

Quais são os ensinamentos e as mensagens que estão por trás das ações de São José narradas no Novo Testamento?

Os evangelhos (de Mateus e de Lucas) falam muito pouco sobre a figura e pessoa de José. Afirmam que ele é da descendência de Davi (24 gerações). Falam que ele é um homem justo e casto. José é um santo que não falou nada, não escreveu nada, mas sua vida foi uma mensagem viva de amor a Deus e ao próximo. Último dos Patriarcas que recebe e acolhe a mensagem de Deus pela via dos sonhos, José é o homem que faz a ligação de Jesus com a herança de Israel. Analogamente ao seu homônimo do Antigo Testamento, José, pelo sonho, salva a vida de seu povo, uma vez que assegura a Jesus a possibilidade de chegar à fase adulta, na qual multiplicará os pães e os peixes. José pode ser visto como um novo Abraão que, como o primeiro, vai ao Egito e guarda a castidade de Maria, podendo, sem mentir ao faraó como fizera o primeiro sobre Sara, dizer “esta é minha irmã”. No deserto, ele faz a experiência do encontro com o novo Melquisedec, pois é neste ambiente que ocorrem seus primeiros contatos com Jesus, recém-nascido em Belém. Seu regresso à sua terra é apresentado como a saga de um peregrino que, pela opressão dos poderosos, é obrigado a migrar para uma terra distante (a Galiléia). É lá, junto de Zabulon e Neftali, filhos de Israel que ainda não haviam cruzado o Jordão aberto pela Arca da Aliança (figura do Povo liberto do tirano faraó e redimido das apostasias ocasionadas pelas agruras do deserto) que Jesus iniciará sua Missão Redentora anunciando a libertação aos pobres e aos cativos. Sobre a religiosidade de José, a Bíblia menciona o fato de que ele ia todos os anos ao Templo para a Páscoa. Isto indica que José possuía os mesmos costumes de seus conterrâneos, visto que suas peregrinações são descritas como caravanas. José era um homem do povo, que gostava de andar com o povo (e não sozinho) e não se considerava mais importante que seus compatriotas, em vista de seu trabalho socialmente valorizado (profissional liberal). Sua última aparição nos Textos Sagrados se dá no encontro de Jesus no Templo, ocasião em que é chamado por Maria de “pai de Jesus”, embora todo o contexto evangélico mostre que esta paternidade não é biológica. Tendo ouvido dos lábios de sua mãe: “teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”, Jesus, segundo o evangelista, não permanece no Templo indefinidamente, mas vai com José e Maria para Nazaré e lhes é submisso, num sinal claro de que o que ele dissera no Templo “devo estar na casa de meu Pai” foi um alargamento da concepção do Templo como o local da Presença de Deus. É na relação com os pais e, através deles, com toda a humanidade que habita Deus (onde há caridade e amor, Deus ali está) (Ubi caritas et amor, Deus ibi est).

Padre Wander de Souza Carmo, nds

Pároco