Uma mulher que não tinha muitos recursos financeiros encontrou um ovo. Chamou toda a família e disse com entusiasmo: “Atenção, todas as nossas preocupações acabaram! Nós não iremos comer este ovo, pediremos à nossa vizinha que seja chocado pela galinha dela. Teremos um pintinho que logo se tornará uma galinha e com ela teremos muitos outros ovos, rapidamente teremos muitas outras galinhas. Não comeremos nada, nem ovos e nem galinhas, poderemos vendê-las e comprar uma bezerrinha que, em pouco tempo, nos dará leite e outros bezerros. Assim poderemos vender os bezerros, comprar uma roça, criaremos galinhas, vacas, compraremos, venderemos…” Mas a mulher, enquanto falava, se empolgava, agitava os braços. Com isso o ovo escorregou da sua mão e acabou se espatifando no chão. Todos os grandes projetos dela acabaram de vez.
Coisas que acontecem com quem não tem paciência e quer tudo, logo. Provavelmente não conseguirá nada, nem na hora e nem nunca. Ou alcançará muito menos do que esperava, ou poderia ter conseguido se tivesse procedido com mais calma, sem apressar o que tem os seus ritmos naturais e humanos. A paciência é a virtude daqueles que sabem construir aos poucos a própria vida, que sabem que para mudar as coisas e mais ainda o coração das pessoas precisa de carinho, muito diálogo e o tempo necessário para amadurecer. Exemplo de pessoa paciente é o agricultor, quando sabe que a natureza tem os seus ritmos e estações e que não adianta forçar a barra porque a pressa pode destruir o que foi plantado e que vai crescer no tempo oportuno. Quem semeia em lágrimas, diz o Salmo 126,5, colherá com alegria. Somente quem sabe confiar e ter paciência colherá bons frutos. Os apressados colherão pouco e sem perspectivas futuras.
A parábola da figueira, que por três anos não tinha produzido frutos, ofereceu a Jesus a possibilidade de nos explicar a bondade e a paciência de Deus. Exatamente o contrário do que experimentamos hoje. Vivemos numa sociedade louca por resultados. Sobretudo quando está em jogo o sucesso das vendas, dos lucros, das campanhas publicitárias. Tudo é medido pelo crescimento, os índices das pesquisas servem para divulgar as metas alcançadas e até a superação das expectativas. Quem vê os índices da sua popularidade, das vendas, ou das ações na bolsa valores despencar, já fica desesperado: precisa fazer algo para reverter a situação, porque se cair mais, a concorrência – ou o outro candidato – vai engolir tudo!
Pela parábola de Jesus, o dono da vinha não tem tanta pressa, a pedido do vinhateiro vai dar mais um ano para ver se a bendita figueira, com adubo e limpeza, produzirá. No que parece o dono sabe que precisa tempo, trabalho e esforço para chegar a algum resultado. Não é um patrão simplesmente exigente. Mesmo que a figueira esteja demorando a produzir e ocupando inutilmente o terreno, ela ainda terá chance. Será tratada com carinho e atenção, não será desprezada e nem cortada, ao contrário estará no centro das preocupações do vinhateiro.
Nesta altura da reflexão é fácil pensar cada um na própria vida, naquele espaço de tempo e de lugar que ocupamos na história. Nesta rápida viagem pelo mundo, pela vida, quais os frutos que estamos produzindo? Quais os frutos que Deus gostaria que nós produzíssemos? Se entendermos que a nossa vida, como a vida de todos, é um dom a ser bem empregado e bem gasto, produzir alguns frutos bons deveria ser a alegria e a esperança de todos nós. Não estamos falando daqueles resultados que muitas vezes a sociedade nos cobra como riqueza, sucesso, boa posição social. Esses não interessam a Deus a não ser que os usemos para outros frutos mais preciosos e valiosos aos olhos dele como a bondade, a fraternidade, a paz e a justiça. Se ficarmos presos aos índices de produtividade, de lucro, de sucesso e popularidade, pouco estaremos produzindo para o reino de Deus. Precisamos sair dessa prisão para livremente assumir riquezas mais duradouras, tesouros para a vida eterna. Coragem, vamos aproveitar enquanto temos tempo, enquanto temos a palavra e o exemplo de Jesus e, sobretudo, a amorosa paciência do Pai.
Dom Pedro José Conti