São poucos os que hoje compreendem o teor de vida que levam, no silêncio dos seus conventos, as pessoas que decidiram viver no recolhimento austero e feliz da vida contemplativa. Há na Igreja Ordens Religiosas – são muitas felizmente – cuja finalidade é, entre outras, a educação da juventude ou a pregação do Evangelho às nações onde ainda não brilhou a luz da mensagem cristã.
A Igreja, fundada por Cristo e por Ele encarregada de levar a Boa Nova, isto é, o Evangelho a todas as nações, vem desde seu início dedicando-se a esta tarefa missionária de tornar Cristo conhecido, amado e servido por todos os homens. São muitas as Congregações e Ordens religiosas, cuja finalidade é a nobre missão de anunciar Cristo e sua doutrina.
Mas não faltam também na Igreja instituições de vida contemplativa: almas que amam o silêncio e que dedicam o maior espaço de seu tempo à oração e à contemplação da grandeza e beleza de Deus. São vocações peculiares, irradiando vida interior, com comunhão íntima com Deus. É claro que este teor de vida exige momentos de pausa, de descanso e de convivência fraterna.
Felizmente a Igreja de Uberaba conta com a presença gratificante destas casas contemplativas. No último domingo tive o privilégio de presidir a santa Missa, em que uma jovem fez seus primeiros votos de consagração a Deus e seu compromisso de viver no silêncio fecundo da regra carmelitana. Poderia alguém pensar que haja na vida claustral um vazio incômodo, sem sentido e sem razão de ser? Ledo engano.
A oblação de si a Deus na vida religiosa contemplativa é uma entrega de amor total em que a criatura vive da plenitude do Ser supremo, isto é, de Deus num calmo ambiente de silêncio fecundo e de alegria interior.
Para os que vivem no barulho do mundo não é fácil compreender a fecundidade espiritual que o silêncio propicia. Acostumados a ter o rádio ligado em casa o dia todo, a televisão gritando nos nossos ouvidos as propagandas comerciais e as notícias do momento, não se tem espaço livre para a fecundidade do silêncio que nos enriquece de reflexões e nos dispõe para nos encontrarmos com Deus. Temos de nos reeducar.
Para o estudo, o repouso, a produção fecunda e sobretudo ter os ouvidos abertos à voz de Deus, o silêncio é rico e indispensável. Nisto e em outros pontos temos de nos reeducar. O silêncio não soa, mas é uma voz serena, sábia e fecunda.
Dom Benedicto de Ulhoa Vieira