Semana passada encontrei um líder da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com o qual tenho relação de amizade e de confiança mútua. E me lembrei: nossas Igrejas levaram 400 anos para superar o conflito e entrar em comunicação dialogal.A Igreja Metodista do Brasil comunicou que em qualquer organização ecumênica, em que participa a Igreja Católica, os metodistas se retiram ou não entram! Os metodistas foram líderes do diálogo e da cooperação ecumênica no Brasil! Todos os membros da Igreja Metodista, com os quais tive contato, são pessoas excelentes. O que torna a comunicação entre nós tão difícil?
Conheço uma comunidade católica, em que os membros mais velhos e mais instruídos excluem os mais jovens e os condenam, porque estão errados! Está estabelecido o conflito, sem comunicação! Vejo parte dos jovens navegar na Internet, sem participar do esforço de transformar o mundo. Também não vejo a juventude atual empenhada numa nova espiritualidade, que ajude a Igreja Católica a ser testemunha da Boa Nova de vida, de liberdade e de comunhão. Ou como diz Casaldáliga, “uma boa nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da humanidade”.
E nossas famílias? Quanta falta de diálogo, de comunicação! As novas tecnologias são fantásticas, mas frias. A economia globalizada é cruel para com os miseráveis. Sem solidariedade.
Neste contexto surgiu o “Mutirão de Comunicação da América Latina e Caribe”, para uma cultura solidária. O mutirão aconteceu nos dias 12 a 17 deste mês de julho, na PUC de Porto Alegre.
É hora de as Igrejas, as lideranças pastorais e educacionais, inclusive as organizações juvenis se desinstalarem e entrar em diálogo. A comunicação entre nós deve melhorar! Afinal, estamos todos no mesmo barco.
João Paulo II lembrava que a razão deve ser curada pelo amor. Também a técnica fria deve ser curada pelo amor. Devemos aprender a trabalhar os conflitos, a proteger os fracos, perdoar os culpados, reconstruir amizades e construir um mundo de paz.
Podemos participar do mutirão de comunicação e “promover espaços de diálogo sobre os processos de comunicação, à luz da solidariedade e da construção de uma sociedade comprometida com justiça, liberdade e paz”.
Dom Aloísio Sinésio Bohn
Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul