“Estamos passando por dias de revelação”
A frase é antiga, cerca de 22 anos, mas quando pronunciada pelo Monsenhor Jonas era portadora de uma profecia que parece se encarnar bem na realidade que vivemos.
A pregação, acessível no YouTube, fala do sistema de Deus e do sistema do mundo, apresentados pelo Monsenhor em seu livro “Considerai como crescem os lírios do campo”, e nos coloca diante de uma realidade urgente em tempos de COVID 19: depender em tudo da providência de Deus.
Além das disputas de opiniões acerca de saúde e economia, ao ouvir de novo essa pregação, fui convidado a mergulhar em algo mais profundo. É preciso saber se comportar como cristão em meio ao que vivemos. O poder para por fim à doença e aos problemas que ela traz parece estar fora das nossas mãos, leigas. Porém, a forma como encaramos essa realidade está sim em nossa decisão.
Em um dos nossos documentos internos da Comunidade, em que fala exatamente de viver da providência, o Monsenhor nos ensina que é preciso “mudar o centro da própria vida”, em referência a sair da lógica do sistema do mundo e ingressar no sistema de Deus. Se trata de uma decisão pessoal que não apenas nos conduzirá na forma de conviver com a COVID 19, mas a forma como responderemos a situações piores.
Situações piores? Pode piorar? Como cristão somos profetas da esperança, de dias melhores. Mas, como Jesus nos ensinou, esses dias não se limitam ao reino humano, mas à eternidade. A palavra de Deus no Apocalipse, o livro das revelações de São João, nos apresenta as duras realidades que viveremos antes do fim dos tempos. Agora um “abre parênteses”: fim dos tempos significa o início de algo maior, eternidade; o que é eterno é fora do limite do tempo, criatura de Deus, como nos ensina Santo Agostinho. Fecha parênteses.
No entanto, Deus que é e rico em misericórdia, nos prepara para a provas que vivemos. Como um pai que educa seus filhos, Monsenhor Jonas diz que Deus age da mesma maneira nos adestrando para estes dias decisivos, não apenas para a saúde ou para a economia da humanidade, mas para salvação da minha e da sua alma.
Vale muito a pena ver todo conteúdo da pregação do Monsenhor Jonas, mas em linhas gerais, ele nos convida a que a grande questão dos sofrimentos que vivemos precisa ser pra nós um momento de sermos treinados por Deus, porque a grande questão não se trata de ter ou não ter, mas de confiar inteiramente em Deus, “sem choramingar, sem desesperar, sem angustiar-se e sem murmurar”.
Neste tempo Deus reconfigura aquilo que nos parecia necessário, para que possamos nos desfazer do supérfluo, daquilo que fomos treinados pelo sistema do mundo a por nossa segurança e investir nossa atenção e esperança. Nosso pai fundador afirma: “o inimigo (de Deus) nos cevou com o supérfluo, com o conforto” e com a necessidade de consumo, levando o mundo à corrupção. E não é culpa de este ou aquele posicionamento político, mas de um mal que circula em nosso interior muito antes do que qualquer vírus: o pecado. É ele, o pecado, que nos leva a nunca nos contentarmos com o que temos, que nos conduz a uma vida de segurança humana que, em última via, nos arrasta à total independência, e porque não dizer, indiferença de Deus.
Como cristãos somos chamados a permanecer firmes às promessas de Deus, confiando em tudo – e tudo quer dizer tudo – na divina providência, que rege não apenas o material, mas também o emocional e o espiritual em nós.
Um spoiler bem dado da pregação do Monsenhor, que mais uma vez insisto que você assista, é a promessa que Deus mesmo nos faz pela boca desse profeta: “até que chova dos céus o Justo não faltará o necessário” aos que são fiéis a Deus.
Na certeza de que, em Cristo, passaremos não apenas pelo corona vírus e todos os males que ele pode trazer, mas também por qualquer sofrimento que nos for imposto, depositemos nossa confiança na Providência de Deus. E, se por acaso, a fé e a esperança minguarem dentro de nós, peçamos ao divino Espírito Santo que reacenda em nós as chamas ardentes de um coração salvo pelo Ressuscitado que passou pela Cruz.
George Facundo
Comunidade Canção Nova