Vamos falar sobre liberdade? Parece encantador pensar em ser livre como um pássaro, não é mesmo?
Quantos de nós já não tivemos uma imensa vontade de sair “voando” por aí, vendo-nos livres das responsabilidades, das dificuldades, daquilo que nos aflige, daquela prova que não queremos fazer, daquela decisão que não queremos tomar ou, simplesmente, ser livre para não seguir regras de casa, dos pais, da sociedade.
Mas será que tudo é permitido? Nossa referência é da liberdade enquanto poder, ou seja, daquele desejo de ultrapassar limites e nesse sentido, quanto menos limites, restrições e regras, tanto maior é sensação de liberdade sentida pela pessoa. Porém, isso é uma visão distorcida do verdadeiro ser livre. Esta passagem bíblica nos traz esta recordação: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (cf. I Cor 6,12).
Não é possível negar uma realidade que sempre impõe regras a serem respeitadas e delas dependem a convivência saudável de uma comunidade. Assumir suas escolhas, analisar as possibilidades e observar os caminhos disponíveis de forma consciente são atos de liberdade; de liberdade responsável, especialmente, quando, de fato, tomamos um posicionamento definido.
O não escolher já é uma escolha. Porém, as escolhas podem ser mais ou menos conscientes. Quando ela não é clara para o homem, quando os motivos não estão explicitados, a escolha transforma-se em condenação – pois de qualquer maneira haverá uma escolha.
Liberdade é própria do homem; quando podemos ser livres nessas escolhas nos colocamos em papel de responsáveis pelos atos e pelas consequências destes. Fugindo e deixando que os outros pensem por nós, decidam por nós, ou ainda que atribuamos a responsabilidade para o outro, isso também é um ato livre, mas, talvez, não o mais consciente.
Ser livre é assumir responsabilidade por cada momento de seu viver, cuidando de suas escolhas da maneira mais autêntica possível, encarando os desafios e a angústia de estar lançado em um mundo que não oferece nenhum tipo de garantia de sucesso ou felicidade. Essas conquistas irão depender da maneira como cada um constrói seu caminho para a realização de seus projetos e como cada um de nós assume o projeto de liberdade responsável em nossas vidas, conduzindo nossa existência, porque ”Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.
Elaine Ribeiro
Colaboradora da Canção Nova