Como ser um músico em ordem de batalha?
Olá, caro irmão que está nessa batalha. Isso! Falo com você que é músico e permanece na linha de frente das animações dos encontros, das celebrações eucarísticas da sua paróquia… O tema desse texto é bem sugestivo, mas quero, com você, começar fazendo uma reflexão com a palavra de Deus, nossa grande arma nessa batalha. Vejamos o que nos instrui o texto sagrado:
Fizeram-te rei (do festim)? Não te enalteças. Sê no meio dos outros como qualquer um deles. Ocupa-te com eles e em seguida senta-te. Não tomes lugar à mesa, senão cumpridos os teus deveres, assim te regozijarás por causa deles. Receberás a coroa como gracioso adorno, e ganharás a consideração dos convivas.
Eclo 32,1-3
Tive a graça de participar de um retiro para músicos, pregado pelo Luiz Carvalho da comunidade Recado, e a palavra para nós naquele encontro era essa acima. Essa palavra me tocou profundamente e até hoje me norteia na caminhada. Ela é bem clara e objetiva: não preciso aqui ficar chovendo no molhado! Mas preciso te dizer que duas grandes armas lançadas a nós por ela são evidentes.
A primeira é que devemos travar uma batalha contra a soberba, que às vezes toma conta do nosso coração. Somos humanos, fracos… Nós, músicos, em especial, temos uma sensibilidade aguçadíssima e isso não pode nos atrapalhar em nossa missão, mas deve contribuir de tal maneira para que essa sensibilidade se transforme em unção que leve as pessoas a um impactante encontro com a pessoa de Jesus. Antes de animar a celebração da Santa Missa, dos encontros, devemos pedir ao Senhor o Espírito Santo, para que Ele traga ao nosso coração a humildade, nos revelando assim que nós estamos ali para a glorificação do nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Segundo ponto é o serviço. É isso. Somos chamados a servir! E servir não de qualquer jeito, mas segundo a vontade do Senhor. Nosso trabalho existe unicamente para isso. Nossos talentos, as capacidades de percepção musical, os acordes que tocamos, ritmos, viradas que fazemos na bateria… Tudo, tudo é para o serviço do reino de Deus. Somos chamados a travar essa batalha. Veja o que nos diz a palavra de Deus mais uma vez: “Não por mera ostentação, só para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, que fazem de bom grado a vontade de Deus. Servi com dedicação, como servos do Senhor e não dos homens”. (Ef 6,6-7)
Somos servos do Senhor, escolhidos por Ele. Veja bem: o Senhor te escolheu para esse serviço. Nem todos cantam, nem todos tocam, não é verdade? Então, se você é chamado ao serviço por meio da música faça jus a esse chamado e sirva como um servo do Senhor e não como um servo dos homens.
Mas para que isso aconteça devemos nos perguntar: quais são as armas que tenho usado para servir nesse chamado tão especial? Como está minha vida espiritual? Ela fala de mim como um servo do Senhor ou como um servo de homens? Estamos aqui falando de uma batalha que não podemos vencer com forças humanas ou instrumentos humanos. Não! Você, músico, está à frente! Se nós não estivermos munidos de armas espirituais como venceremos o inimigo de Deus em nossa missão? Somos atacados por todos os lados, dentro e fora da igreja, e o que nos manterá firmes como servos do Senhor será uma vida n’Ele. Para que tenhamos essa vida precisamos analisar o que estamos trazendo para dentro de nós.
Quero dizer com isso que essa batalha precisa acontecer primeira em mim, como músico, servo do Senhor e não de homens. Vemos hoje como o mundo se encontra e o exército de Deus precisa estar bem preparado para as batalhas cotidianas. Veja só. Nós músicos, assim como na antiguidade, estamos na linha de frente dessa batalha. As pessoas vão ao encontro, à Santa Missa e a tantos outros momentos que você está servindo, sedentas de Deus e precisando escutar a voz do Senhor para sua vida. Lá a pessoa que elas irão ter como uma das referências desse momento será você! Você estará lá no altar, no palco, ou no lugar reservador aos músicos cantando ou tocando e ela olhará para você e procurará no seu serviço o semblante do Senhor.
Então, meu irmão(ã), não podemos perder tempo e devemos nos empenhar ao máximo para que cada dia nossa batalha seja vencida por meio de uma vida em Jesus. Termino esse simples texto com o que nos disse Santo Agostinho:
“Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmo o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.”
Santo Agostinho
Altieres Gomes
Missionário da comunidade Canção Nossa