Outro dia estava dialogando com minhas duas filhas e me deparei com uma situação que me fez refletir sobre minha própria vida e conduta. É que as vezes cobramos coisas que nós mesmos temos dificuldade de cumprir, colocando um fardo sobre os ombros de nossos filhos, fardos estes que na nossa juventude não tivemos que carregar. O momento em que vivemos atualmente leva os pais a se posicionarem sempre com muita prudência com os filhos, isto porque os tempos são maus e as situações podem levar nossos filhos a se perderem em caminhos de vicios, drogas e perda da identidade, perda de religiosidade também. Isto tudo nos leva a ser mais severos e cobramos muitas posturas que são exageradas.
Há a necessidade de acreditarmos mais na educação e na consciência moral que proporcionamos aos nossos filhos para que façam escolham que os conduzam a própria felicidade. A autonomia é algo que se conquista com a idade, e existem muitos filhos com idade até avançada mas dependentes quase que totalmente dos pais, vivendo sem vontade própria, guardando no seu interior uma repressão enorme, que pode irromper em conflitos e sofrimentos em suas vidas adultas.
Isto não quer dizer que devemos deixar de colocar limites, principalmente na sociedade que vivemos onde há a proliferação de um consumismo de massa, onde se constroe a vida a partir da conquista material. Então precisamos ensinar nossos filhos a terem compromisso com a felicidade, que a meu ver se expressa na liberdade consciente de escolher pelo bem, pela paz, pela justiça, honestidade. Mas lembro que somente pais que conquistaram um bom grau de maturidade poderão deixar esta herança para seus filhos. Isto porque esta maturidade inclue a coerência entre aquilo que se ensina e aquilo que se vive. O filho se espelha mais naquilo que experimenta, no que vê, nos exemplos e testemunho de seus pais, do que em longos discursos morais, com a fórmula: “faça o que eu mando e não o que eu faço”. É uma ilusão enorme pensar que teremos filhos maduros se não formos coerentes.
São Paulo na Carta a Timóteo ( seu filho na fé) pede a ele ” torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” ( I Tim 4, 12b). Para os filhos somos naturalmente modelos, por isso precisamos caprichar.
Deus abençoe você nesta longa caminhada de ser mãe ou ser pai.
Diácono Paulo Lourenço