“Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2)
A ordem é clara, explícita. Deus nos quer em santidade. Mas, afinal, qual seria o motivo de obedecer? Tentar encontrar razões em si mesmo seria uma via perigosa e sem muito fruto. Se Deus é origem e fim da santidade, só n’Ele habitará o sentido. Ele é o Senhor! N’Ele reside toda razão da santidade. Mesmo a busca mais empenhada por ser santo, se não tiver por base e fim o Senhor, não passa de projeto pessoal, que até pode ser aproveitada pela graça, mas que se apoia em fragilidades humanas. Quem se nutre de esforços está findado ao fracasso, pois não se alimenta da fonte três vezes santa.
Mas como ser ou viver santidade no ordinário da vida? Primeiro, e acima de tudo, com o relacionamento daquele que me torna santo. “Não vos voltei para os ídolos e não façais para vós deuses de metal” (Lv 19,2). A aliança de santidade com Deus sempre será um compromisso de exclusividade, de única pertença. Quem ousa trilhar os caminhos da santidade precisa estar inteiro em sua jornada. Não posso, se quero ser santo, me voltar para ídolos e construir deuses em minha vida. Ou Deus tem primazia ou a santidade será uma farsa de boas intenções.
Mas, calma! Tudo tem seu tempo certo! Somos imediatistas! Corremos o risco de querer ver a mudança em nós, do pecado à graça, do erro à santidade, num piscar de olhos. Santidade requer tempo, já que ela tem nome, Deus, e só a conheceremos na mesma intensidade em que nos aplicamos no diálogo e escuta do Senhor. Não queira colher hoje os frutos de santidade que ainda não chegaram à maturidade no seu coração! Os frutos de santidade que aspiramos provar precisam ser cativados e cultivados no exercício da perseverança, do perdão consigo mesmo e no empenho de retomar sempre que preciso o caminho de conversão ao Deus que nos amou primeiro.
Porque, de fato, para nós, homens e mulheres comuns, seres humanos, gente, o desejo de santidade parece nos escapar pelas mãos, escorre e se esconde e tudo que percebemos apenas são as vontades frustradas, os propósitos quebrados e os fracassos adquiridos. É necessário ter consciência que nosso coração vive em guerra polarizada. A mesma do coração do apóstolo Paulo: “Sim, eu sinto gosto pela lei de Deus, enquanto homem interior. Mas noto que há outra lei nos meus membros a lutar contra a lei da minha razão e a reter-me prisioneiro na lei do pecado que está em meus membros” (Rm 7,22-23).
Com isso, entendemos que santidade é luta diária de uma guerra já vencida na cruz, mas que precisa ser retomada, unicamente por causa de Deus, após cada eventual queda. São João Paulo II dizia: santo não é aquele que não peca, mas aquele que se levanta após os erros. A coerência que nos falta encontramos n’Ele! A força que nos carece provém d’Ele! A santidade que desejo está somente n’Ele! Deus nos abençoe e nos faça homens e mulheres santos!
George Lima
Missionário da Comunidade Canção Nova