“Capaz eu sou de querer o bem, mas não de executá-lo. O bem que deveria praticar, não pratico; mas o mal que não deveria, pratico. Se o que faço é o que não deveria fazer, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” (Rom 7, 18-20)
Quem não conhece esta passagem? Aqui São Paulo, com muita maestria nos ensina uma preciosidade, somos HUMANOS! As vezes esquecemos isto, pois achamos que estamos prontos, maduros, equilibrados e até baixamos a guarda dos nossos limites.
E quando o mal que há em mim sai para fora, nos assustamos com ele, não entendemos o porque agimos assim, com nossa fala, atos e pensamentos. O ser humano é um grande mistério e não podemos rotulá lo, então nos pegar tentando definir uma pessoa por suas ações, é limitar a pessoa e não tratar o outro como o Senhor nos ensina, com exclusividade.
O que proponho para refletir é sobre os temperamentos. Um conceito que se não for bem usado pode causar desconforto a própria teoria. Sugiro então, conhecer um pouco mais sobre esta teoria.
Trata-se de um conceito antigo, já estudado desde a Grécia, que tem como definição vinda do latim, temperare, que significa “equilíbrio“, e da psicologia está ligada a teoria de Jung, no entanto, existe divergências no campo da psicologia, entre os psicólogos, quanto a definição e utilização desta teoria. Porém, sabendo embasar e utilizar, tem grande utilidade.
Temperamento é diferente de caráter, que também se difere de personalidade. O que cada um quer dizer?
Caráter, “é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes”*. É o nosso temperamento civilizado, é a socialização dos nossos impulsos e desejos a partir da cultura que estamos introduzidos. E isto pode ser dito tanto para a cultura de uma nação, como a cultura brasileira, norte americana, mexicana e outras, como a cultura regional, de um estado ou até mesmo cidade. Implicitamente, cada região possui suas “normas”, “regras sociais”, que é próprio do lugar, não está escrito em nenhum lugar, mas, a maior parte dos moradores se comportam da mesma forma.
Personalidade vem de Persona, que significa máscara social, é como se fosse um conjunto de característica integradas, englobando caráter, temperamento, comportamento, inteligência e outros, que formam a identidade da pessoa. Esta personalidade é formada durante a infância e lapidada na adolescência e vida adulta, conforme a necessidade do momento que se vive, por isto “máscara social”.
O temperamento por sua vez, é a base genuína tanto do caráter, quanto da personalidade. Ela antecede a expressão/manifestação destas duas áreas, podendo assim dizer que é aquilo que verdadeiramente somos, sem a interferência do meio. Nossos desejos, impulsos e pensamentos mais escondidos. Que pode ser bom, mas também pode ser ruim. Por exemplo, tem pessoas que são extremamente determinadas em tudo que se propõe a fazer, e isto é bom, desde que não prejudique o outro, é claro. Agora tem pessoas que são tão desorganizadas que não conseguem manter em ordem a organização do próprio dia, atrasando-se para os compromissos e esquecendo de suas atividades e até mesmo de coisas simples, por não conseguir organizar a própria vida.
Ele é a combinação de características herdadas, que tem maior prevalência na herança dos avós, tios e demais membros da família, do que propriamente dos pais. Claro, que o filho pode herdar o temperamento dos pais, e isto não é incomum, no entanto, em sua maioria ele está ligado a terceiros. Lembra quando alguém da família fala assim: “nossa ele tem o gênio do avô” ou “olha como ela lembra a tia, com seu jeito de ser…” Estes e outros exemplos, ocorrem diariamente em nossa vida, nos revelando o quanto temos dos nossos antepassados, principalmente quando se diz de temperamento.
O temperamento é dividido em quatro: Sanguíneo (sangue, vida), colérico (ira, explosão), melancólico (melancolia, tristeza) e fleumático (falta de emoção, passivo). Cada um com seus pontos positivos e negativos, que bem trabalhados podem chegar ao homem pleno, que é o equilíbrio dos quatro temperamentos, lembra que temperamento vem de equilíbrio. Então, este é o objetivo de conhecer os temperamentos, reconhecer as prevalências que há em mim e assim buscar, o homem/mulher plena e assim não traga tanto adoecimento psíquico.
Possuímos os quatro temperamentos, no entanto, é preciso saber como estão predominando em mim.
Vamos trabalhar cada temperamento nas próximas postagens para assim conhecer melhor desta teoria que pode nos ajudar a compreender e domar nossos impulsos.
Aline Rodrigues
Psicóloga e missionária da Canção Nova