Cinco Sofismas

Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Metropolitano de Uberaba, MG

Na efervescência da luta pela preservação da vida, (contra o aborto) no meio de um tiroteio esfuziante, apareceram algumas afirmações errôneas, como se verdades fossem. Fez-se uso do velho aforismo “guerra é guerra”. Isso é, vale tudo, sem constrangimentos. Colecionei algumas dessas pérolas, para aferir o grau intelectual da discussão.

1 – A Igreja não tem direito de impor seus princípios morais particulares, a toda uma nação, onde não existem só católicos. Diz, no entanto, Kant, que toda norma justa se torna universal. Assim, mentir, é proibido não só para os católicos, mas para toda a humanidade. O mesmo se diga do mandamento de respeitar pai e mãe. E ninguém escapa da proibição de matar crianças indefesas. Isso vale para católicos, e para qualquer cidadão.

2 – Os católicos não devem meter-se em prescrever leis para o Estado. Este é laico, e não admite leis religiosas. Sim, o Estado é laico, e é bom que o seja. Mas o povo não é. Quanto mais laico é o Estado, mais saberá respeitar os pontos de vista dos cidadãos. Ademais, todos os cidadãos podem se manifestar sobre as regras de conduta do povo. Por que os católicos não teriam esse direito? Seriam cidadãos de segunda classe?

3 – Sabe-se que 75% da população é a favor do uso das células-tronco embrionárias. Só os retrógrados proíbem seu uso. Com certeza, a maioria que se define favorável ao seu uso, acha que se trata de células-tronco adultas, e não sabem que naquelas já está envolvido um ser humano. Se a população desconhece a diferença, como pode ser chamada a se definir?

4 – Na luta pelo uso livre das células dos embriões, acontece o confronto entre a ciência e a Igreja, entre o progresso e o atraso. Não, a Igreja só usa argumentos da ciência. A verdadeira luta foi pela vida dos inocentes, contra os interesses econômicos, desencadeados pelas poderosas ONGs. Respeitem a Igreja, porque novamente, em pesquisa nacional, é a entidade que mais merece crédito no Brasil, seguida de longe por outras entidades.

5 – O uso de células-tronco embrionárias é necessário, porque, por serem totipotenciais, podem curar muitas doenças. Por enquanto não existe nenhuma comprovação real dessas curas, que no futuro poderão ocorrer. Mas as células-tronco adultas (cordão umbilical, medula), por serem pluripotenciais, poderão substituí-las perfeitamente, sem sacrificar vidas.

Fonte: Arquidiocese de Uberaba/MG


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino