Faleceu nesta madrugada (14 abril 2008) o grande monge beneditino D. Flávio Estevão Bettencourt, incansável difusor da sabedoria cristã e defensor da Igreja Católica.
Santa Teresa de Ávila recomendava que o diretor espiritual fosse alguém “sábio, douto e santo”; alguém certamente muito difícil de encontrar. Mas, nos quarenta anos em que acompanhei a trajetória de D. Estevão, penso que encontrei neste homem o diretor recomendado por Santa Teresa. Certa vez eu lhe disse que ficava preocupado com tantas dúvidas que lhe enviava; sua resposta foi essa: “Professor, não se preocupe, dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria a Deus”.É difícil encontrar alguém com tamanha fé, espiritualidade, intelectualidade e capacidade de trabalho desse gigante da Igreja. Passou grande parte de sua vida no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, mas ali, serviu ao seu Senhor. D. Estevão nasceu no Rio de Janeiro em 16 de Setembro de 1919. Aos quatro anos de idade foi com os pais para Paris, onde permaneceu até os nove anos. Em Paris iniciou seus estudos no Lycée Buffon. De volta ao Brasil estudou no Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, onde de 1931 a 1935, fez o curso fundamental [antigo ginasial]. Tendo concluído o curso fundamental, entrou no Mosteiro em 1 de fevereiro de 1936. Recebeu o hábito a 6 de Outubro de 1937. Seu padroeiro era o protomártir S. Estevão. Foi para Roma cursar o doutorado em Filosofia no Pontifício Ateneu de Santo Anselmo, em novembro de 1937, permanecendo lá até 1945. Fez sua Profissão Solene aos 7 de Novembro de 1940 em Monte Cassino, onde S. Tomás de Aquino foi catequizado. Foi ordenado sacerdote aos 18 de Julho de 1943, em Roma. Em Novembro de 1944 defendeu a tese de Doutorado sobre Orígenes: “Doctrina Ascetica Origenis seu quid docuerit de Ratione animae humanae cum daemonibus”. Chegou ao Rio aos 2 de Fevereiro de 1945.
Neste mesmo ano assumiu a Cátedra Bíblica na Casa de Estudos da Congregação. Lecionou também na Universidade Santa Úrsula de 1946 a 1980; na Pontifícia Universidade Católica de 1958 a 1961 e de 1968 a 1974; na Universidade Católica de Petrópolis de 1968 a 1978; no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro desde 1985; na Escola Superior de Catequese ‘Mater Ecclesiae’, na Escola ‘Luz e Vida’ de Catequese, no Instituto Pio X do Rio de Janeiro de 1957 a 1958. Foi assessor teológico do Cardeal D. Eugênio Sales.
D. Estevão foi Diretor e Redator da revistas “Pergunte & Responderemos”, desde 1957. O último número foi o 549, de março de 2008. Foram 51 anos de publicação, sozinho, sem interrupção, combatendo o ateísmo, o fideísmo, o racionalismo, as heresias… e todos os erros de doutrina.
Como S. Tomás de Aquino, D. Estevão se valia da verdade e da razão para defender a fé; conciliou maravilhosamente a fé com a razão.Além dos 549 números da PR, D. Estevão nos deixou muitos livros, cadernos do Curso de teologia por correspondênica “Mater Ecclesiae” (www.lumenchristi.com.br)
D. Estevão foi até aqui para mim, há cerca de quarenta anos, um grande amigo, conselheiro, orientador… Nos unimos a todos os seus amigos para pedir a Deus o merecido repouso de sua alma na glória da Santíssima Trindade. Em meu nome e no da Canção Nova, na pessoa do Monsenhor Jonas Abib, apresentamos a todos os beneditinos e pessoas ligadas a D. Estevão, o nosso pesar e dor profundas.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br