Agoniza a cada dia a democracia na Venezuela. A imprensa é cerceada, o principal canal de televisão privado foi suspenso, e agora um Decreto de Hugo Chaves impõe um patrulhamento ideológico ao povo. Os bispos da Venezuela lutam bravamente contra essa atitude totalitária do Presidente.
A revista VEJA (11 jun 2008. n. 2064) traz uma matéria que denuncia que “em sua marcha para criar um estado policial, Hugo Chaves decreta a delação obrigatória na Venezuela. Em maio, sem publicidade, “o presidente criou por decreto um sistema de inteligência que obriga todos os cidadãos a colaborar com os espiões do governo. Quem não o fizer poderá ser condenado a cumprir de dois a seis anos de cadeia. Juízes e promotores têm obrigação especial de passar ativamente informações à polícia política. É a Lei de Inteligência e Contra-Inteligência”.
A Lei diz: “Os órgãos de inteligência devem fazer frente à ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do país”, Como Chávez considera que toda e qualquer oposição a seu governo tem influência americana, fica entendido que o objetivo da reforma é a repressão política”.
O novo “sistema de segurança” e a obrigatoriedade da “delação destroem a democracia venezuelana e instaura o regime ditatorial e totalitário. A Venezuela começa a se transformar em um estado policial, como Cuba.
“Agora o governo pode definir quando um cidadão infringe ou não a lei. Dessa forma, a população se torna refém do regime. “Chávez subverteu a regra democrática de que o estado deve satisfação ao cidadão, não o contrário”, diz o cientista político Jorge Zaverucha, coordenador do Núcleo de Estudo de Instituições Coercitivas, da Universidade Federal de Pernambuco”.
A matéria afirma que “Chávez aprendeu com Fidel Castro a utilidade de uma rede de espionagem com a missão de identificar cidadãos descontentes. Esse tipo de controle social, em que as pessoas se policiam umas às outras, é eficiente em garantir a lealdade de todos ao estado. Em Cuba, essa função é desempenhada pelos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs)”.
Criados em 1960 sob o lema “toda dissidência é uma traição”, estão presentes em cada quarteirão e nominalmente reúnem mais da metade da população da ilha. Toda essa gente tem a obrigação de informar à polícia política qualquer “conduta suspeita” dos vizinhos.
A revista informa que “no caso da Venezuela, o papel de vigilância que em Cuba cabe aos CDRs será desempenhado pelas inúmeras organizações assistencialistas criadas por Chávez. Ele usa os abundantes dólares do petróleo venezuelano para aliciar e amordaçar o povo e a liberdade. Na nova lei, elas são chamadas de “órgãos de apoio às atividades de inteligência do estado”. Os presidentes de cooperativas serão considerados informantes privilegiados da polícia chavista.
O mesmo tipo de “delação compulsória’ (dedo duro) foi muito usado no regime comunista da Rússia, China, Cuba, etc. “Outros exemplos de estados policiais já mostraram que o autoritarismo miúdo dos pequenos agentes torna a vida dos cidadãos um inferno”, diz José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública.
“A Stasi, o serviço secreto da Alemanha Oriental, era tão eficiente na supressão da liberdade que Fidel Castro convidou seus agentes para assessorá-lo na montagem de sua própria polícia política. Nesse aspecto, o modelo chavista de vigilância ideológica é ainda mais perverso. Nem os alemães-orientais ousaram emitir uma lei tornando a delação obrigatória”.
Em Cuba todo quarteirão tem um Comitê de Defesa da Revolução (CDR), que exerce uma patrulhar na conduta dos moradores. Até mudar de casa sem autorização do governo é motivo para ser denunciado. Os espiões usam e abusam do poder, a ponto de extorquir os vizinhos. Afirma a revista que “um dos maiores aparatos montados para espionar os próprios cidadãos existiu na Alemanha comunista. Era formado por 100.000 agentes e 600.000 informantes. Filhos denunciavam os pais e amigos espionavam-se uns aos outros. A suspeita de dissidência podia levar um denunciado às salas de interrogatório da polícia secreta”.
Lamentavelmente renasce na América do Sul o mais triste regime comunista que com muito custo foi superado na Europa. O triste regime deixou um saldo de cem milhões de mortos segundo o “Livro Negro do Comunismo” (Stéphane Courtois e outros, Ed. Bertrand Russel, SP,2005)
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br