O jornalista Riccardo Cascioli, especialista em demografia do jornal italiano «Avvenire», autor de vários livros sobre demografia, assegura que o objetivo do Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA da ONU, é promover o aborto em todo o planeta. (Fonte: ZENIT.org em 16/09/2004). O jornalista confirma que o informe do Fundo sobre as previsões de crescimento demográfico é «totalmente ideológico».
Por outro lado, segundo a organização Vida Humana Internacional (Human Life Intenational), “em 1996, a Santa Sé não teve mais remédio que negar-se a continuar contribuindo economicamente com a UNICEF – ONU, devido ao fato de que esta agência colabora com a promoção do aborto no mundo” (Fonte: Aci digital).
Nesta entrevista concedida a Zenit, Cascioli, que esteve presente na Conferência da ONU no Cairo, em 1995, destaca as idéias que se escondem detrás dos projetos e o informe do UNFPA.
Como avalia este informe?
Cascioli: É um informe totalmente ideológico. É incrível que ao descrever o estado da população no mundo não se mencione o principal problema demográfico que hoje experimentamos: ou seja, o rápido envelhecimento da população.
E isto se dá também nos países onde as conseqüências serão ainda mais dramáticas por causa da ausência de segurança social: aposentadorias, serviço de saúde, etc. pelo contrário, o UNFPA segue fazendo propaganda da necessidade de reduzir ainda mais os índices de fertilidade, afirmando que assim se favorece o desenvolvimento.
A realidade demonstra o contrário. Basta pensar que na África, ante uma queda do índice de fertilidade de 6,65 a 4,91 filhos por mulher, nos últimos dez anos a pobreza do continente aumentou em 43%.
A verdade é que o único interesse que demonstra a UNFPA é o de promover o aborto como direito humano fundamental, operação que não conseguiu no Cairo há dez anos, mas que é um objetivo cada vez mais explícito.
Passamos da «bomba demográfica» ao «inverno demográfico». Que passou nestes dez anos, desde Cairo 1994?
Cascioli: A tão temida explosão demográfica foi sempre um argumento instrumental para poder conseguir um consenso universal sobre temas que preocupam certas elites, ou seja, o controle dos nascimentos.
Os demógrafos mais clarividentes, inclusive já há dez anos eram céticos ante estes alarmes, e em todo caso a realidade se encarregou de demonstrar que não tinham fundamento. É verdade que a queda da fertilidade foi mais além de todas as previsões, por motivos que ainda há que investigar adequadamente, mas repito: o drama é que nas agências internacionais não se enfrentam os problemas demográficos reais, preferindo mais promover uma agenda ideológica.
Isso leva a investir ingentes recursos em políticas que não são só inúteis, mas perigosas por dois motivos: tiram fundos das verdadeiras ajudas ao desenvolvimento e agravam a tendência do envelhecimento da população.
Haveria que acrescentar que, sobretudo em algumas regiões, estas políticas criam perigosos desequilíbrios sociais, como é o caso da China, onde há 120 homens por 100 mulheres, quanto que a relação média é de 106-107 homens por 100 mulheres.
A administração americana, que em 1994 se opôs totalmente à Santa Sé, parece apoiar hoje os programas em defesa da vida e da família. Que passou na política americana?
Cascioli: Hoje Bush é acusado pelo UNFPA e as organizações abortistas de matar as mulheres porque tirou seu apoio financeiro à UNFPA.
Na realidade, a decisão da Casa Branca se baseia em dados evidentes que mostram como esta agência da ONU e outras organizações não-governamentais apóiam programas que prevêem o aborto coercivo, sobretudo na China.
Na realidade, Bush não fez mais que aplicar o Programa de Ação aprovado na Conferência do Cairo, que no artigo 8.25 afirma claramente que «o aborto em nenhum caso pode ser considerado como um meio de planejamento familiar».
Hoje temos de nos atentar ao fato de que o dinheiro de nossos impostos vão para promover o aborto, inclusive coercivo, no mundo, com a etiqueta de «ajudas ao desenvolvimento».