A superstição é o desvio do sentimento religioso
Sempre que se aproxima o final do ano, e um novo se aproxima, renovam-se as esperanças e cada um procura começar com o ano novo um tempo novo. Isso é bom e é possível, mas é necessário que isso seja feito por um caminho reto. Não há felicidade e paz se trilharmos um caminho errado, onde não habita a verdade, a justiça e o amor; onde não está Deus.
Infelizmente, muitos buscam nas fantasias e nas superstições o socorro para os seus males, de maneira mágica e vazia. Depois se decepcionam, porque a fantasia se esvai como a fumaça que sobe ao vento.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina que:
“A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo: quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesma legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que exigem, é cair na superstição (cf. Mt 23, 16-22). A superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus. Ela mostra-se particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e de magia” (CIC §2111/2).
A superstição é acreditar em algo vazio, em algo que não tem substância, é fantasia. Assim, alguns pensam que passar sob uma escada dá azar; entrar e sair de uma casa pela mesma porta cria problemas, colocar uma ferradura atrás da porta dá sorte… Alguém disse que se isso fosse verdade, cavalo não puxaria carroça. Nada disso tem fundamento, não tem base, por isso é vazio e ofende a Deus, porque a pessoa deixa de confiar n’Ele para buscar, de maneira esotérica, oculta, mágica, aquilo que não é vontade d’Ele.
O homem tem sede de Deus! Especialmente quando as interrogações da vida ficam sem uma resposta satisfatória. Ou ele adora e serve ao Deus verdadeiro, “Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”, como diz a oração do Credo ou passa a adorar e a servir a deuses falsos, mesmo que conscientemente não se dê conta disso. Outros ainda, mais desorientados, correm atrás de previsões do futuro e de todos os tipos de ocultismos, tentando encontrar uma forma de satisfazer as suas necessidades. Nas grandes e pequenas livrarias, proliferam todos esses tipos de livros, muito bem explorados por alguns escritores e editoras.
Lamentavelmente, muitos cristãos católicos, por ignorância religiosa na sua maioria, acabam também seguindo esses caminhos tortuosos e perigosos para a própria vida espiritual.
A doutrina cristã sempre condenou todas essas práticas religiosas. Já no Antigo Testamento, Deus proibiu todos os cultos idolátricos, supersticiosos e ocultos. O livro do Deuteronômio relata a Lei de Deus dada ao povo:
“Que em teu meio não se encontre alguém que se dê à adivinhação, ao agouro, ao feiticismo, à magia […] porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas” (Dt 18,10-12). E interessante que, logo em seguida, disse Deus ao povo: “Serás inteiramente do Senhor; teu Deus” (Dt 18,13).
Ao cristão é permitido buscar unicamente em Deus – pela oração – todo consolo, auxílio e força de que necessita – e em nenhum outro meio ou lugar.
São Paulo disse: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4,6). E advertiu severamente as comunidades cristãs de que fugissem da idolatria (cf. I Cor 10,14) e mais:
“As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocar a ira do Senhor?” (I Cor 10,20-22).
Muitos católicos, infelizmente, quando não conseguem por suas orações as graças e favores que pedem a Deus, especialmente nos momentos difíceis da vida, perigosamente vão atrás dessas práticas proibidas pela fé católica, arriscando-se, como alertou o apóstolo dos gentios, a prestar culto ao demônio sem o saberem, magoando ao Senhor.
Quando Deus não atende um pedido nosso, Ele sabe a razão; e, se temos fé e confiança n’Ele, não vamos atrás de coisas proibidas. Toda busca de poder, de realização, de conhecimento do futuro, etc., fora de Deus, sem que Ele no-las tenha dado, é grave ofensa ao Senhor por revelar desconfiança n’Ele.
Portanto, vamos começar mais um ano com muita esperança em Deus, colocando em Jesus a nossa esperança; pois Ele veio a nós para nos dar a vida abundante. Ele é a Luz do mundo (cf. Jo 12,8); quem caminha sem Ele segue nas trevas. Declarou o Papa João Paulo II que “o homem que não conhece Jesus Cristo permanece para si mesmo um desconhecido, um mistério insondável, um enigma indecifrável”. (Redemptor hominis).
“O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz, uma Luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte […]”. Essa Luz é Jesus, “um menino nos foi dado, Ele recebeu o poder sobre os seus ombros, e lhe foi dado esse nome: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Príncipe da paz” (Is 9, 1s).
Prof. Felipe Aquino