Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados. (Mt 26,28)
Como é grande e precioso o Sacramento da Confissão, chamado de Reconciliação ou de Penitência! Ele custou a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, da maneira mais cruel que alguém pode imaginar.
Pela absolvição do sacerdote, ministro do Senhor, recebemos o Seu próprio perdão, conquistado na obediência da cruz. “Ele se fez obediente até a morte, e morte de Cruz” (Fl 9), disse São Paulo. Muitos sofrimentos são aí aliviados e evitados!
Para compreendermos toda a hediondez do pecado, toda a sua feiura e maldade, temos que contemplar cuidadosamente Jesus crucificado. Este foi o preço que Ele pagou para tirar o pecado do mundo.Somente contemplando demoradamente as chagas do nosso divino Redentor, a sua coroa de espinhos, os seus açoites, os seus cravos, as suas feridas… é que poderemos ter em conta toda a tristeza que o pecado representa, e todo sofrimento que produz.
Diante da gravidade do pecado, o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos: “Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4).
E não nos iludamos; o pecado nos é oferecido pelo Tentador como um anzol bem “iscado”.
O demônio seduz o homem assim como o pescador engana o peixe. Tão logo ele engole a isca, sente o anzol prender-lhe pela boca; arranca-o para fora da água, até morrer debatendo-se asfixiado. Que morte!
É assim também a angústia daquele que se entrega ao pecado. O seu preço é a dor, o desespero, a angustia e a morte. Mas, graças a Deus, a solução hoje existe, e é muito simples: o sacramento da Confissão; basta ter fé, acreditar que o perdão do sacerdote é o perdão do próprio Jesus. “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados” (Jo 20,23).
Como aquele filho pródigo, não fomos criados para viver longe do Pai, e nem para comer lavagens de porcos; não temos dentes e estômagos adequados a isso. É preciso ter coragem de “levantar” e dizer basta! Eu sou um filho amado de Deus!
O caminho de volta é fácil e bem conhecido: a porta da Igreja. Basta renunciar ao orgulho e dobrar os joelhos; basta renunciar à soberba e baixar a cabeça; basta encher-se de fé Naquele que é o único que pode nos dar a vida e a paz.
A salvação é gratuita. A Confissão é o único tribunal nesta terra, onde você entra como réu, confessa-se culpado, e sai livre e perdoado…
São João Crisóstomo, doutor da Igreja perguntava: “Sois muito exatos em contar os sofrimentos. E o sois, porventura, em contar os pecados que o provocam?”
O pecado destrói o homem
Diz-se que quando Leonardo Da Vinci pintou a “Santa Ceia”, de Jesus com seus Apóstolos, deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o bem, na imagem de Jesus, e o mal, na figura de Judas. Interrompeu o trabalho no meio, até que conseguisse encontrar os modelos ideais.
Certo dia, enquanto assistia um coral, viu em um dos componentes a imagem perfeita de Cristo. Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços.
Passaram-se três anos. A “Última Ceia” estava quase pronta – mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas. Depois de muitos dias procurando, o pintor finalmente encontrou um jovem prematuramente envelhecido, bêbado, esfarrapado, atirado na sarjeta.
Imediatamente pediu aos seus assistentes para que o levassem até a igreja. Da Vinci, copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas na face do mendigo que mal conseguia parar em pé.
Quando terminou, o jovem abriu os olhos e notou a pintura à sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza: “Eu já vi este quadro antes!”
– Quando? – perguntou surpreso Da Vinci.
– Há três anos atrás, antes de eu perder tudo o que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos, e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus. Seu nome era Pietro Bondanelli.
Prof. Felipe Aquino
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