Pode a alma sair do corpo e voltar a ele?

Algumas pessoas narram certas experiências vividas, segundo as quais a sua alma teria deixado o corpo e viajado pelo espaço, de tal modo que a pessoa viu o seu corpo estando fora dele. Isto é real, pode acontecer?

Bem, a Igreja Católica diz que somos formados de duas realidades unidas: corpo e alma; cuja separação significa a morte da pessoa. O Catecismo da Igreja explica que: “A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a “forma do corpo” (Concílio de Viena, 1312: DS 902); ou seja, é graças à alma espiritual que o corpo constituído de matéria é um corpo humano vivo; o espírito e a matéria no homem não são duas naturezas unidas, mas a união deles forma uma única natureza” (§365).
Portanto, se a alma deixar o corpo, a pessoa experimenta a morte. Se esta voltar ao corpo, será então um caso de milagre de ressurreição, como Jesus fez com Lázaro, a menina Talita, o filho da viúva de Naim e outros casos.

Assim, não tem base teológica a afirmação de que algumas pessoas viveram a experiência de “sair do corpo”, e continuaram vivas. Isto pode ser devido a alguma sugestão ou algo que a ciência deva explicar.

No dia 24 de agosto de 2007, o jornal  “Folha de São Paulo”, publicou uma matéria sobre neurociência, sob o título “Realidade virtual faz pessoa se sentir “fora do corpo””  (Eduardo Geraque) sobre uma matéria publicada na Revista “Science”, onde se diz o seguinte:

“Você é você ou o seu avatar (representação virtual)? Ao depender dos experimentos apresentados hoje na revista “Science”, essa pergunta é cada vez mais pertinente. Dois grupos de pesquisa conseguiram iludir o cérebro a partir de estímulos visuais e fazer com que a pessoa real pensasse que era a virtual. O grupo liderado por Olaf Blanke, do Hospital Universitário de Genebra, conseguiu quebrar a ligação que existe entre a autoconsciência e o corpo físico a partir de um experimento até simples. Os voluntários, com óculos 3D, foram colocados diante de uma câmera. A imagem projetada para o ser real era das suas próprias costas. Uma caneta passou a ser pressionada, ao mesmo tempo, tanto na pessoa quanto na sua representação virtual. Os voluntários eram deslocados e então solicitados a voltar ao lugar onde estavam antes. E eles foram na direção do clone virtual”.

O estudo, diz o autor, prova que o conflito multissensorial fez os voluntários se sentirem no corpo virtual. Pelo menos mentalmente, eles se deslocaram “para fora do corpo”.

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“Isso mostra que o nosso sistema nervoso entende algumas coisas como real, mas que não aconteceram realmente”, disse à Folha o neurocientista Luiz Eugênio de Mello, da Unifesp.

“A outra pesquisa, do grupo de Henrik Ehrsson, do Instituto Karolinska, na Suécia, também fez a realidade virtual enganar o cérebro. O toque físico fez com que pessoas sentissem que estavam sentadas em um local diferente de uma sala”.

Portanto, a ciência começa a revelar que os ensinamentos da Igreja têm base científica, embora sejam apresentados apenas como princípios religiosos. Ninguém pode viver a realidade de sua alma deixar o seu corpo sem experimentar a morte.

Prof. Felipe Aquino

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Igreja e a morte


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino