Décimo mandamento: Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo (Ex 20,17)
“Tu não desejarás para ti a casa de teu próximo, nem seu campo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, qualquer coisa que pertença a teu próximo” (Dt 5,21).
O Décimo Mandamento é como que um complemento do nono, que se refere à concupiscência da carne. Ele proíbe a cobiça dos bens dos outros, que é a causa de roubos, corrupção, fraudes, discórdias, brigas e até mortes.
Jesus disse que “onde está o teu tesouro, aí estará também teu coração” (Mt 6,21). Se o teu tesouro são os bens materiais, pode ser que você só pense nisso, só fale nisso e só viva em função disso. Muitos infelizmente são assim; por isso o Décimo Mandamento proíbe a ambição desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e de seu poder. Isto gera a inveja que é um dos piores pecados capitais.
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A inveja é a tristeza sentida diante do bem do outro e o desejo imoderado de dele se apropriar. O cristão deve combater a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas mãos da Providência divina.
A inveja pode levar às piores ações. E pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo.
“Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sab 2,24).
Santo Agostinho via na inveja “o pecado diabólico por excelência”. “Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade.”
A “concupiscência dos olhos” (1 Jo 2,16) leva à violência e à injustiça, proibidas pelo Quinto Mandamento. Os cristãos “crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências” (Gl 5,24); são conduzidos pelo Espírito e seguem os desejos dele.
O Décimo Mandamento proíbe a sede imoderada das riquezas e de seu poder. Proíbe ainda o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais.
Quando o Mandamento nos diz: “Não cobiçarás”, ordena-nos, em outros termos, que afastemos nossos desejos de tudo aquilo que não nos pertence. “Quem ama o dinheiro nunca se fartará, e aquele que ama a riqueza não tira dela proveito” (Ecl 5,9). São Paulo disse que “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições” (1Tm 6,10). Note que o mal não é o dinheiro, mas o amor desenfreado a ele. Até Jesus tinha um tesoureiro em seu grupo; Judas; que infelizmente se perdeu.
Não desrespeita o Mandamento quem deseja obter coisas que pertencem ao próximo, contanto que seja por meios justos, compras legais, etc..
Falando deste Mandamento, o Catecismo diz que é contra o ele os comerciantes que desejam a carestia ou os preços altos das mercadorias, que vêem com pesar que não são os únicos a comprar e a vender, o que lhes permitiria vender mais caro e comprar ao preço mínimo; os que desejam que seus semelhantes fiquem na miséria, para tirarem lucro, quer vendendo para eles, quer comprando deles… Os médicos que desejam que haja doentes, e atitudes exploradoras do outro.
É pecado contra o Décimo Mandamento enganar as pessoas nas transações comerciais, enganar o outro, vender um produto por um preço exorbitante quando quando o outro tem necessidade premente dele, etc.
Enfim, Jesus mandou tomar muito cuidado com as riquezas porque, Ele disse, ninguém serve a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. (Mt 6,24)
Prof. Felipe Aquino
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