O motivo é muito bonito. No século XVI, o Império Turco Otomano, muçulmano, em expansão, continuava a ameaçar a Europa Ocidental. E preparava-se para invadir a Europa e destruir o Cristianismo a partir da Grécia. O Sultão muçulmano já tinha prometido “dar de comer alfafa a seu cavalo sobre o altar da Basílica de São Pedro”.
Então, em legítima defesa, em situação pouco favorável, em maio de 1571, o Papa São Pio V (1566-1572) conseguiu, finalmente, celebrar a “Santa Liga”, aliança entre Espanha, Veneza e Malta, que ele consagrou na Basílica de São Pedro.
Uma frota se reuniu e foi confiada a Dom João da Áustria, irmão de Felipe II, rei católico da Espanha. Para implorar a proteção de Deus para a frota de defesa da Europa cristã, São Pio V publicou um jubileu solene e ordenou o jejum e a oração pública do Rosário.
A batalha decisiva aconteceu no golfo de Lepanto, à saída do estreito de Corinto, no dia 7 de outubro de 1571. No combate enfrentaram-se 213 galeras espanholas e venezianas contra uns 300 navios turcos. Aproximadamente cem mil homens combateram em cada campo. A frota cristã alcançou uma vitória completa. Quase todas as galeras inimigas foram presas ou postas a pique. O almirante turco Ali Pacha foi vencido. Quinze mil cativos cristãos foram liberados dos muçulmanos. Somente um terço da frota turca conseguiu voltar, derrubando assim a lenda da invencibilidade da frota muçulmana. O perigo muçulmano estava afastado com a guerra de legítima defesa da Europa cristã. Nossa Senhora salvou a Igreja mais uma vez.
Na noite da batalha, o papa Pio V saiu bruscamente do seu escritório até a janela, onde parecia contemplar um espetáculo. Em seguida, voltou-se e disse aos cardeais que estavam com ele: “Vamos dar graças a Deus: nossa armada saiu vitoriosa!” Isto aconteceu no dia 7 de outubro, pouco antes das cinco horas da tarde, mas a notícia da vitória chegaria a Roma somente 19 dias mais tarde, em 26 de novembro, confirmando, assim, a revelação feita pelo Papa.
Após a batalha de Lepanto, São Pio V acrescentou às Ladainhas de Nossa Senhora uma invocação nova: “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”, e ordenou a instituição da festa de Nossa Senhora das Vitórias que Gregório XIII (1572-1585) logo a seguir mandou celebrar com o nome de festa do Santo Rosário, a cada primeiro domingo do mês de outubro em todas as igrejas. No seio do povo católico, a vitória de Lepanto contribuiu, desta forma, para o rápido desenvolvimento da devoção do Rosário.