Amar o trabalho para ser feliz...

“Quando o querer é completo, o trabalho se torna um lazer”. Santo Agostinho

SOMOS COOPERADORES DA OBRA CRIADA POR DEUS. O TRABALHO É SAGRADO!

Passamos a maior parte de nossa vida trabalhando; seja em casa ou em repartição pública, no hospital, quartel ou comércio, na Igreja, na fábrica, no campo ou na universidade.

A lei do trabalho é uma lei de Deus para a nossa felicidade; quem não trabalha é infeliz. O Eclesiastes afirma: “Meu coração encontrava sua alegria no meu trabalho; este é o fruto que dele tirei” (2,10).

São Josemaría diz: “É hora de que todos nós, cristãos, anunciemos bem alto que o trabalho é um dom de Deus, e que não faz nenhum sentido dividir os homens em diferentes categorias, conforme os tipos de trabalho, considerando umas ocupações mais nobres do que as outas. O trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio sobre a criação; é meio de desenvolvimento da personalidade; é vínculo de união com os outros seres; fonte de recursos para o sustento da família; meio de contribuir para o progresso da sociedade em que se vive e para o progresso de toda a humanidade” (É Cristo que passa, 47).

Será que o inventor da roda imaginou a sua importância para toda a humanidade? Será que o inventor da penicilina – Dr. Alexandre Fleming – poderia imaginar quantas vidas salvaria? Será que o descobridor da bússola poderia imaginar quantas pessoas guiaria? Será que Thomas Edison pensou quanto bem nos faria inventando a luz elétrica, ou Graham Bell ao inventar o telefone? Tudo isso custou muito trabalho!

Quanto tempo o Dr. Pasteur gastou para descobrir a vacina contra a raiva?

Deus nos deu a honra de completar a sua obra criada; e é pelo trabalho que fazemos isso. Logo, o trabalho é sagrado, qualquer que seja. São muitos os problemas e sofrimentos causados por aqueles que rejeitam o trabalho. Um jovem ocioso torna-se um criminoso, muitas vezes. O grande inimigo do trabalho é a preguiça.

Thomas Edison, que patenteou cerca de mil inventos, disse que “em todo gênio há 95% de transpiração e 5% de inspiração”. Isto quer dizer que não é a genialidade que faz o mundo avançar, mas o trabalho. A glória do homem consiste em concluir o que Deus propositadamente apenas começou.

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São José Operário, modelo de vida para o trabalhador

Qual a vontade de Deus para o trabalhador?

Oração dos trabalhadores a São José

Oração para rezar no trabalho

TRABALHE COM AMOR. TENHA ZELO E SEJA DEDICADO.

A dedicação e a disciplina superam a genialidade. O talento de um homem pode não ser suficiente o bastante, mas se ele for perseverante, dará muitos frutos.

João Paulo II disse que o trabalho manual foi para ele mais importante que a sua tese de doutorado; e posso dizer o mesmo, o meu trabalho de professor durante a vida toda foi muito mais significativo para as pessoas do que o doutorado e o pós-doutorado que realizei.

É importante amar aquilo que fazemos. E para isso é preciso reconhecer a grandeza do trabalho. Bem nos recordou Santa Madre Teresa de Calcutá: “Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa”.

Certa vez alguém vistoriava a construção de uma obra e perguntou a um operário o que ele fazia ali; este lhe respondeu que carregava tijolos para serem assentados. Perguntou então a um segundo operário, que lhe respondeu que carregava a massa para que os tijolos fossem assentados; quando perguntou a um terceiro, que carregava um carrinho de areia, obteve uma resposta maravilhosa: “Estamos construindo uma catedral!”

Este último entendeu a grandeza do seu trabalho; não estava “apenas” carregando um carrinho de areia, estava fazendo muito mais, construía uma bela catedral! É assim que devemos pensar. Você não está apenas lavando, enxugando ou guardando louças, você está fazendo muito mais do que isso, está formando uma família, formando homens e mulheres para o mundo e para Deus!

Por isso, todo trabalho deve ser feito com zelo e dedicação.

Quem cumpre o seu dever com amor e dedicação acaba por amá-lo; transforma a obrigação em satisfação. É fundamental que povo tenha trabalho; é isto que o torna digno. Não podemos apenas dar-lhe o pão e o peixe; é urgente ensinar-lhe a pescar e a cultivar o trigo. O povo não quer assistencialismo, quer trabalho. De nada vale ajudar aqueles que não ajudam a si mesmos. Diz a Bíblia: “Quem tira de um homem o pão do seu trabalho é como um assassino do seu próximo” (Eclo 34,26).

É PRATICANDO AS VIRTUDES QUE SEREMOS REALMENTE FELIZES

O ex-presidente americano Ronald Reagan, em certa ocasião, disse que o sucesso da assistência social é proporcional ao número de pessoas que deixam de depender da ajuda do governo. O povo não quer esmola, quer trabalho. Quando o homem trabalha, ele não só transforma os recursos e a sociedade, mas principalmente: aperfeiçoa-se a si mesmo. O trabalho faz que o homem seja, de fato, paciente, perseverante, forte, disciplinado, ocupado em fazer o bem, compreensivo, dedicado ao próximo etc. E são essas virtudes que o fazem verdadeiramente feliz.

Todo trabalho traz em si a sua misteriosa recompensa.

Steve Jobs, o gênio da informática, dizia: “A única maneira de fazer um ótimo trabalho é amando aquilo que se faz”. Na verdade, o trabalho pode ser a melhor coisa a se realizar, se for livre; mas, pode ser a pior coisa, se for escravo. Não é o trabalho em si, mas o “como trabalhar” que traz o segredo do êxito no trabalho.

A SATISFAÇÃO E OS BONS FRUTOS NÃO SÃO APENAS CONSEQUÊNCIA DE TRABALHOS REMUNERADOS

Mesmo os aposentados precisam trabalhar de alguma forma; há tantos trabalhos voluntários e tão necessários. Especialmente em nosso país, onde as pessoas se aposentam muito cedo, a ociosidade pode prejudicar muitas vidas. Os aposentados, pela experiência que acumularam nos anos de vida e de trabalho, têm uma grande contribuição a dar à família, à Igreja, às associações de classe, aos grupos de voluntários etc.

Quem pode, e não é doente, mas não é capaz de trabalhar com amor, deveria ter vergonha de pedir esmolas àqueles que trabalham com alegria. Um trabalho bem feito é o mais alto testemunho que podemos dar do nosso caráter e seriedade. O caminho mais certo para um trabalhador se condenar à mediocridade é o de executar apenas o trabalho pelo qual é pago. Ele se torna apenas um mercenário e não um construtor do mundo.

Uma coisa é certa: não são as coincidências e sortes, nem a natureza, nem as dificuldades da vida, ou da história, mas o trabalho realizado por nossas próprias mãos que determinarão o nosso destino. É o que plantamos hoje que colheremos amanhã. Cada um pode semear o que quiser, mas terá de colher depois aquilo mesmo que plantou. O povo em sua sabedoria popular, diz que “quem planta ventos colhe tempestade”.

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FAÇA UM TRABALHO BEM FEITO, MAS NÃO SEJA ESCRAVO DO TRABALHO

O famoso Benjamim Franklin, jornalista americano, fazia a seguinte recomendação: “Se você deseja um trabalho bem feito procure uma pessoa ocupada; os outros não têm tempo”. Portanto, quando o trabalho é um prazer, a vida é alegria. Quando o trabalho é um dever, a vida se transforma numa escravidão.

A sabedoria oriental diz que não ensinar ao filho a trabalhar é como ensinar-lhe a roubar; é o mesmo que empurrar-lhe para o mau caminho. Os pais devem, na hora certa, ensinar e obrigar a seus filhos a trabalharem, de acordo com suas respectivas idades.

O trabalho deve ser feito sem pressa, de maneira tranquila, mas permanente, como a natureza, devagar e sempre. Deus nunca nos impõe um dever sem dar tempo de cumpri-lo. As pessoas que acham que o dia deveria ter mais de 24 horas estão fazendo algo que não deveriam estar fazendo.

O grande escritor francês, Michel Quoist, em sua obra Construir o homem e o mundo (Ed. Cléofas), traz uma importante reflexão sobre isso:

“A agitação é uma das grandes chagas do homem moderno. O homem tem coisas demais a fazer e as desejaria fazer todas. E como não se tem tempo de fazê-las, corre, apressa-se, enerva-se, abrevia sua vida, e acaba não fazendo o que queria, e fazendo pela metade o que precisa. É necessário remediar esse fracasso. Um pouco de autodomínio, de organização e um olhar penetrado de fé sobre a vida, podem consegui-lo.”

O trabalho é feito para o homem, e não o homem para o trabalho; isto quer dizer que não podemos ser escravos do trabalho, por mais nobre que seja. Alguns se matam de trabalhar por causa do dinheiro, e acabam prejudicando a saúde e a família. Por isso, se faz necessário criar uma consciência sobre o verdadeiro valor do trabalho em nossa vida. Sim, precisamos do dinheiro para o nosso sustento e para ter o necessário; no entanto, não podemos deixar que a ganância tome conta de nossos desejos e nos faça querer ser escravos do dinheiro.

O empresário americano, Walt Disney, disse certa vez: “faça um bom trabalho. Você não terá que se preocupar com o dinheiro; ele vai cuidar de si mesmo. Basta fazer o melhor que pode”. Em outras palavras, podemos dizer: “não corra atrás do dinheiro, deixe que ele corra atrás de você”. Jesus nos ordenou buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e o resto viria por acréscimo: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,33-34).

O verdadeiro cristão compreende esta verdade: para que Cristo reine no mundo, é necessário trabalhar com esmero na terra e com o olhar no Céu, se dedicando com amor a todas as atividades humanas, como um verdadeiro apostolado profissional.

Retirado do livro: “O Sentido Cristão do Trabalho”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino