Mais uma vez, acontece o mesmo tipo de tragédia nos Estados Unidos da América: Adam Lanza, um jovem desequilibrado, de 20 anos, matou cerca de vinte crianças e pelo menos seis adultos numa escola primária do Estado norte-americano do Connecticut, colégio Sandy Hook.
Diante de um fato como esse, muitas pessoas se desesperam e outras querem culpar Deus por tal fato. Como Ele pode permitir isso? Ora, Ele não tem culpa alguma disso, pois quer a paz, o amor, a verdade, a justiça e a liberdade. Esse é o Reino d’Ele. A culpa é do homem que se deixa guiar por filosofias e ideologias erradas e se afasta do Senhor e de Suas leis.
Deus nos fez belos, criados à Sua “imagem e semelhança” (Gn 1,26), por isso temos inteligência, liberdade, vontade, memória, consciência, etc., que os animais não têm. Eles não sabem o que fazem, mas nós sabemos. Com esses atributos, podemos dirigir este mundo na paz, no amor e na harmonia seguindo as leis do Senhor.
O salmista diz: “Os céus são céus do Senhor, mas a terra, ele a deu aos filhos de Adão” (Sl 113,24 ou 115,24). Isso quer dizer que Deus confiou e confia no homem e entregou o governo da Terra em suas mãos com as leis da criação. Com as faculdades intelectivas e espirituais, o homem pode e deve cuidar bem da humanidade e da Terra.
Cabe aos sociólogos, psicólogos e psiquiatras levantar as causas profundas da tragédia americana; mas algumas razões nos saltam à vista. Trata-se de uma família ferida, na qual não aparece a figura do pai. A mãe é divorciada; a educação dos dois filhos foi falha; a carência deles é notória. O rapaz era isolado e vivia sem amigos. Ora, isso não é normal para um jovem.
A mãe do assassino, Nancy Lanza, foi assassinada pelo próprio filho Adam. Era uma mulher sem orientação cristã, angustiada com a situação do mundo e com a crise financeira do país; imaginando uma catástrofe em breve. Isso a levou a ensinar os filhos Adam e Ryan Lanza a atirar, como se isso fosse um meio de se defenderem do imaginário caos social à frente. Certamente, outras ideias erradas foram passadas a esses filhos, criando neles também o medo, o pânico e a revolta.
Fico até imaginando se esse rapaz não poderia achar que matando essas crianças as estaria livrando de um mundo cruel à frente.
O jornal “Daily Mail” noticiou que os amigos e vizinhos de Nancy disseram que ela acreditava que o mundo estaria à beira de um colapso e temia perder o filho. Nancy fazia parte de um movimento chamado de “prepper”, o qual acredita que as pessoas devem se preparar para o caos social. É o perigo disseminado pelas seitas de todos os tipos. Ela estaria estocando comida, água e armas dentro de casa.
Marsha, ex-cunhada de Nancy, disse que ela protegia as armas que tinha em casa. Havia cinco armas registradas em seu nome. Três foram levadas pelo filho para o massacre no colégio Sandy Hook e uma quarta foi encontrada no carro que ele usou.
Certamente, tratava-se de uma mãe amedrontada, desorientada e que não sabia educar os filhos. O fato de ter sido assassinada pelo próprio Adam mostra que a relação entre mãe e filho devia ser difícil.
É preciso também perguntar se a mídia, que dissemina ideias amedrontadoras de “fim do mundo”, como o tal “21/12” e outras bobagens sem a menor base científica e religiosa, perturbando as pessoas emocionalmente instáveis e com tendências a psicopatia, não têm culpa nisso também. Recebo e-mails de pessoas amedrontadas achando que o mundo vai acabar mesmo; é um verdadeiro “terrorismo espiritual” motivado por razões até mercadológicas.
Tudo isso mostra a falta de uma família bem estruturada, religiosa, guiada pela lei de Deus. Nela há paz, harmonia, amor aos filhos e aos pais, cultivo das virtudes, educação sadia, superação dos problemas.
Mais do que nunca, esses terríveis acontecimentos nos alertam para a necessidade de fortalecermos a família segundo o coração do Senhor, no qual o pai e a mãe educam seus filhos na fé e no amor a Deus.
Na sua ‘Mensagem de Paz’, do dia 1º de janeiro de 2013, o Papa destacou, mais uma vez, a importância da verdadeira família:
“Também a estrutura natural do matrimônio, como união entre um homem e uma mulher, deve ser reconhecida e promovida contra as tentativas de a tornar, juridicamente, equivalente a formas radicalmente diversas de união que, na realidade, a prejudicam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu caráter peculiar e a sua insubstituível função social”.
Professor Felipe Aquino
@PFelipeAquino