Por Professor Felipe Aquino
Não é muito fácil compreender o que está acontecendo no Oriente, sobretudo nos países onde o islamismo é acentuado. Acontece o que a mídia tem chamado de “Primavera árabe”, ou seja, o povo nas ruas pedindo liberdade, democracia, direitos etc. O mundo árabe acordou!
Certamente, a globalização, que hoje acontece no mundo, especialmente pela ação da internet, é uma das causas desse fenômeno, do qual é difícil de prever os desdobramentos. Em alguns países, os ditadores foram depostos, como no Egito e na Síria, onde os oposicionistas do Governo pressionam a sua queda. A Síria experimenta quase uma guerra civil.
Um dos países, no qual aconteceu essa “Primavera árabe” com grande violência, foi no Egito, o maior e mais importante país árabe, com 85 milhões de habitantes. O fato ocorreu com a queda de Osni Mubarak (11/2/2011), hoje preso. Mubarak era apoiado pelos generais fardados, mas o povo árabe tomou as ruas, depôs o ditador e exigiu eleições. Foi, então, eleito um representante do movimento radical islâmico da “Irmandade Muçulmana”, Mohamed Mursi (18/6/2012), engenheiro que implantou, no Egito, um governo islâmico conduzido por leis do Corão ou Alcorão. Em 26/12/2012, Mursi aprovou uma nova Constituição redigida apenas por muçulmanos mais radicais e aprovada em um referendo.
Acontece que há um outro lado: os militares de linha dura que não aceitam isso, pois veem no islamismo um fator de atraso e querem uma sociedade mais moderna, como na Turquia, por exemplo. Então, há um terrível embate entre as duas forças, que pode se transformar numa guerra civil e se espalhar por todo o Oriente Médio. Já são centenas de mortos (mais de 600) pelos protestos na rua, por causa da deposição do Presidente eleito Mursi, da Irmandade Muçulmana. Na verdade, o confronto dos militares e a facção muçulmana vêm desde a década de 50.
Está cada vez mais difícil os dois lados sentarem-se a uma mesa de negociação, porque cada uma das duas forças políticas não reconhece a legitimidade da outra. A Irmandade Muçulmana é forte, tem o apoio de, pelo menos, 20% do povo e 5 milhões de militantes radicais. Acreditam seus adeptos que morrer nesta luta é ser mártir. Como não gostam do Cristianismo, esses radicais estão também perseguindo e matando cristãos, incendiando as igrejas cristãs coptas* [igreja cristã nacional do Egito], a qual conta com 10% de adeptos na população.
Em todos os países de governo muçulmano radical, os cristãos sofrem terríveis perseguições. As igrejas são destruídas, queimadas e muitos são mortos. Precisamos rezar por esses irmãos em Cristo que sofrem os piores martírios dos nossos tempos. É hora de unirmos as orações e ações para que se respeite, nos países de governo islâmico, a liberdade religiosa que tanto os Papas têm pedido. Nunca a Igreja de Cristo deixou de ser perseguida; hoje, continua sendo. São cerca de 200 milhões de perseguidos nesses países não cristãos. Rezemos por esses irmãos que padecem por Cristo, e por Cristo que padece nesses irmãos.
* Copta significa cristão egípcio
Créditos da fotografia: Reprodução TV Folha
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