Pensar nos sentimentos de Moisés ao contemplar a Terra Prometida, sobre o Monte Nebo, gera um impulso de querer encontrar o céu O grande profeta, que retirou o povo do Egito, o “mais humilde dentre os homens”, nela não entrou, mas por qual motivo Deus faria isso? Neste santuário natural, onde os olhos vão além do horizonte, o ensinamento divino transforma vidas.
O Monte Nebo foi o lugar onde Moisés e o povo que sobrevivera os 40 anos, depois da saída do Egito, contemplou a terra prometida a Abraão antes de conquistá-la. Atualmente ele pertence a Jordânia.
Entre na experiência feita por eles:
Imagine você em um lugar onde a temperatura gira em torno dos 40 graus, não há árvores, não há trabalho, não há água, não há alimento (a terra é árida e muito pedregosa), você está ilegal em uma região onde os habitantes não querem sua presença, e além disso você caminha rumo a um lugar procurado a 40 anos e está sem esperança de encontrá-lo.
De repente, o momento tão esperado se torna realidade. Diante dos olhos, uma terra habitada por diversos povos, delimitada por uma diversidade geográfica: o Rio Jordão, o Mar Morto (uma das localidades mais baixas da Terra), as montanhas da Judéia, as Montanhas da Samaria, o Deserto do Neguev, o Vale de Esdrelon, as terras férteis da Galiléia, o Mar Mediterrâneo etc… Essa é a terra prometida a Abraão e estava diante dos olhos de sua descendência. Imagine a emoção desse povo!
A frente deles estava Moisés, o maior dentre os profetas do Antigo Testamento, cuja santidade o levava a estar com Deus “face a face”. Este grande homem por ter falhado com seu Deus, não pode entrar na “terra que mana leite e mel”.
Por que ele não entrou, só porque pecou?
Moisés morreu sobre este monte, sua não entrada porém continua um mistério. Contudo, podemos constatar uma verdade através do que aqui aconteceu com os outros dois maiores profetas do Antigo Testamento: Elias e João Batista.
Foi nesta região “do outro lado do Jordão” que Elias foi arrebato em “uma carruagem de fogo” para o céu, foi também próximo daqui que João Batista, o Elias do Novo Testamento, morreu pelas mãos do rei Herodes.
Os dois daqui subiram para o Céu!
A confirmação está no próprio evangelho:
Jesus, antes de ir a Jerusalém para ser crucificado, subiu o Monte Tabor, ali uma nuvem o envolveu, a Glória de Deus se fazia presente, dois personagens apareceram, e começaram a falar com ele. Pedro, Tiago e João estavam ao lado de seu mestre; na escuridão daquela noite, Jesus brilhava como a luz do sol em companhia de Moisés e Elias, com os quais conversava sobre seus últimos instantes entre os homens.
O aparente castigo na verdade consistia na maior recompensa que Moisés poderia receber: ele pôde entrar, ao final de sua missão, na verdadeira Terra Prometida.
A experiência de estar no topo do Monte Nebo permite ao menos deduzir o que o profeta viveu:
A 800 metros de altideu está o monte em meio a outras montanhas, em seu topo prevalece o silêncio, os ouvidos são como que tampados, o calor é intenso e o vento é quente. Porém, a bela visão e a memória dos fatos que aqui aconteceram transportam o coração para duas realidades:
Deus é fiel e ele cumpre suas promessas. A verdadeira Terra Prometida, o céu, com a morte e ressurreição de Jesus, torna-se o dom supremo, dado a todos sem exceção.
A segunda verdade é que essa “Terra Prometida” é um dom, mas também um empenho. Os filhos da promessa sabiam que seus pais não entraram pela dureza de seus corações e porque teimaram no pecado, não reconhecendo os cuidados recebidos por Deus, desde a libertação do Egito.
Com a morte de Moisés, seu sucessor Josué, toma a frente do povo. Diante deles o futuro lar, mas também povos organizados e bem armados. O medo depois da euforia, certamente os invadiu, mas uma convicção passa os conduzir:
A santidade e a coragem tornam-se os dois pilares para que a força de Deus se manifeste. O primeiro torna o homem aberto a ação de Deus. O segundo vem da certeza de que somente por esse poder, os inimigos poderiam ser vencidos.
Eles, sem armas, derrotaram com seus braços exércitos inteiros. Neles e com eles estava alguém mais forte do que qualquer potência deste mundo.
A promessa feita a Abraão, não se limitava a simples conquista da terra, conhecida hoje como Israel e Palestina. Ao mesmo tempo não a excluia. Isso demonstra que os dons de Deus, são graças dadas gratuitamente, porém é necessário esforço para fazê-los produzir fruto.
Conquistar a Terra Prometida era a vontade mais profunda daquele povo e também era o projeto de seu Deus.
O céu, a felicidade plena, é também o desejo mais profundo do coração de todos e de cada homem, e esse é o dom já dado por aquele que morreu na cruz. Agora é tempo de conquistá-lo!
Por-que Moisés não entrou?
Seu coração já estava completamente tomado pelo desejo de estar com Deus, os bens deste mundo, embora estimados, não o mais preenchiam. Seu coração estava voltado para a verdadeira Terra Prometida. Como servo fiel. Cumpriu sua missão e recebeu o que seu coração sonhava.
Texto: e Fotos: Leandro César
contato: terrasanta@cancaonova.com